Avanços e Desafios da Inteligência Artificial em Equipamentos Culturais no Brasil
A introdução da inteligência artificial (IA) nos equipamentos culturais brasileiros apresenta um cenário de oportunidades e desafios. A recente 5ª edição da pesquisa TIC Cultura 2024, realizada pelo Cetic.br, revela que 20% dos Arquivos e 16% dos Cinemas pesquisados já utilizam a tecnologia em suas operações. Embora essa adoção ainda seja modesta, destaca-se a crescente presença online desses espaço culturais, que buscam se modernizar e se conectar com o público de forma mais eficaz.
A pesquisa questionou as instituições sobre o uso de tecnologias de inteligência artificial, como chatbots e assistência virtual. Os dados mostram que apenas 9% dos Pontos de Cultura e 4% dos Bens Tombados, Museus e Teatros afirmaram utilizar IA em suas atividades. Esse número cai ainda mais para 2% nas Bibliotecas, indicando que a implementação da tecnologia ainda está em sua infância no setor cultural.
Importante ressaltar que apenas instituições com departamento de TI participaram da pesquisa sobre IA, o que pode limitar a visão geral do uso da tecnologia nos equipamentos culturais. Pela primeira vez, questões sobre a utilização de inteligência artificial foram abordadas, buscando entender o seu impacto nas práticas diárias das instituições.
Os resultados mostram que, apesar da crescente adoção inicial em Arquivos e Cinemas, a utilização de IA ainda é incipiente em grande parte das instituições culturais brasileiras. Segundo Manuella Maia Ribeiro, responsável pela pesquisa, ainda há um vasto espaço para a expansão do uso de tecnologias inteligentes nesse setor. O mapeamento contínuo do uso de IA permitirá uma compreensão mais profunda das suas aplicações e limitações.
A metodologia da TIC Cultura abrange 17.154 equipamentos culturais em todo o Brasil, incluindo Arquivos, Bibliotecas, Cinemas, Museus, Pontos de Cultura e Teatros. Entre outubro de 2024 e abril de 2025, foram entrevistados 1.818 gestores de instituições culturais, oferecendo um panorama robusto sobre a utilização de tecnologia, incluindo a IA.
Presença Online e Comunicação Digital
Um dado animador é o aumento significativo da presença online desses equipamentos culturais. O uso de aplicativos de mensagens, como WhatsApp e Telegram, saltou entre Pontos de Cultura (de 62% para 72%) e Museus (de 24% para 37%). No geral, 94% dos Pontos de Cultura e 80% dos Bens Tombados possuem perfis ativos em redes sociais, mostrando um incremento de interação com a sociedade, especialmente em plataformas como Facebook, Instagram e TikTok.
Entre 2022 e 2024, houve um crescimento notável na presença digital, com Arquivos e Cinemas liderando essa transformação. A pesquisa indica que Pontos de Cultura e Bens Tombados estão se adaptando às novas ferramentas digitais, ampliando sua visibilidade e capacidade de engajamento com o público.
Além disso, a pesquisa evidenciou um aumento na disponibilidade de Wi-Fi gratuito para o público em bibliotecas, Pontos de Cultura e Museus, refletindo uma melhora no acesso à internet nas instituições. A universalização do acesso à internet é quase total entre Arquivos e Cinemas, enquanto os Pontos de Cultura também exibem números expressivos.
Inovações Tecnológicas e Desafios à Frente
O uso de dispositivos tecnológicos nas instituições culturais também cresceu, com destaque para o aumento de tablets e smartphones. Por exemplo, o uso de tablets em Arquivos cresceu de 14% para 32% entre 2022 e 2024, e os Pontos de Cultura registraram um crescimento no uso de celulares de 28% para 39%.
Essas inovações são promissoras, mas indicam a necessidade contínua de investimento em tecnologia e capacitação dos profissionais do setor. A inclusão de novas ferramentas digitais pode aprimorar a experiência dos visitantes e facilitar a divulgação das atividades culturais.
À medida que as instituições culturais brasileiras adotam a tecnologia, o desafio agora é garantir que essa transição ocorra de maneira eficaz e inclusiva. A pesquisa TIC Cultura nos mostra que, embora existam avanços a serem celebrados, ainda há muito a ser feito para integrar totalmente a inteligência artificial e outras tecnologias no cotidiano das instituições culturais brasileiras.
Essa evolução não é apenas uma questão de atualização técnica, mas também uma oportunidade de reconfigurar a forma como estas instituições interagem com suas comunidades. O que se espera é que, à medida que a tecnologia avança, as instituições culturais também evoluam, ampliando seu alcance e potencial de transformação.
Imagem Redação
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