IBOVESPA SOFRE DERRAPADA APÓS AÇÃO POLICIAL CONTRA BOLSONARO
O Ibovespa vive uma queda significativa nesta sexta-feira, 18, mesmo diante da valorização das commodities. Analistas apontam que a operação da Polícia Federal (PF) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, determinada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, poderá complicar as negociações tarifárias em curso.
Após duas sessões de alta, onde apresentou um leve crescimento de 0,04% para 135.564,74 pontos, o Ibovespa reverteu a trajetória negativa e, ao meio-dia, já registrava uma queda de 0,64%, atingindo 134.703 pontos. O índice chegou a tocar a mínima de 134.529,92 pontos durante o dia, em um contexto de volatilidade intensa.
A taxação de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, relacionada ao contexto político atual, tem gerado apreensão. O ex-presidente Donald Trump reafirma seu apoio a Bolsonaro, levantando preocupações sobre a possibilidade de uma intensificação das tarifas. Segundo Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, “pode ser que Trump dobre a aposta.”
BRASIL EM ALERTA COM TARIFAÇO DOS EUA
Os Estados Unidos ainda não se pronunciaram sobre a carta enviada pelo Brasil, destacando um clima de incerteza. Em declaração veiculada em cadeia nacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva descreveu o tarifaço como uma “chantagem inaceitável” e criticou os aliados de Trump, referindo-se a eles como “traidores da Pátria.”
Na manhã de quinta-feira, Lula também anunciou à CNN Internacional que as gigantes tecnológicas americanas estão sujeitas a tributação no Brasil. Esse movimento se insere em um contexto de crescente tensão entre os dois países.
Gabriel Mota, especialista em renda variável da Manchester Investimentos, expressou preocupação de que a operação da PF possa impactar os ativos brasileiros, sugerindo que o mercado poderá se tornar mais cético à espera de uma resposta dos EUA.
INQUIETAÇÃO NO MERCADO
Leonel Mattos, analista da StoneX, sublinha que a relação entre tarifas e questões jurídicas no Brasil gera incerteza sobre as negociações. O cenário se complica ainda mais com a análise cautelosa dos investidores, que buscam compreender as possíveis consequências da situação atual.
Bruno Cotrim, economista da Top Gain, minimiza os impactos imediatos, argumentando que o Ibovespa já havia precificado a instabilidade relacionada aos eventos de 8 de janeiro. A situação política atual de Bolsonaro não é vista como uma novidade no mercado.
Cotrim destaca que a postura de Trump em relação a Bolsonaro é ambígua, sendo percebida como um ato de simpatia em meio a um contexto de crise. Ele acredita que o uso de tarifas poderá intensificar as tensões, mas observa que Trump pode hesitar, temendo prejudicar a imagem política de Bolsonaro.
DESAFIOS PARA O GOVERNO
Contudo, o governo Lula também enfrenta desafios com o Congresso, especialmente após o veto ao aumento do número de deputados federais. Aliados do presidente da Câmara, Hugo Motta, afirmam que a paz política será difícil de manter quando o recesso parlamentar terminar.
Os setores mais expostos ao tarifaço, como o agronegócio, correm o risco de sofrer consequências econômicas severas se as negociações com os EUA se arrastarem.
Ainda nesta sexta, o preço do minério de ferro registrou leve alta, mas as ações da Petrobras apresentaram desvalorizações significativas no mercado.
OLHO NA REUNIÃO DO BANCO CENTRAL
As atenções se voltam agora para a reunião trimestral do Banco Central, enquanto o vice-presidente Geraldo Alckmin se prepara para se encontrar com representantes da indústria, provavelmente para discutir a questão do tarifaço.
Lá fora, indicadores importantes como o Índice de Sentimento do Consumidor da Universidade de Michigan e novos balanços corporativos estarão em pauta, prometendo impactar ainda mais o cenário econômico.
Imagem Redação
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