Consumo de Bebidas Alcoólicas em São Paulo Registra Queda Significativa de 31%
O cenário do consumo de bebidas destiladas em São Paulo apresenta uma mudança alarmante. Segundo dados da Varejo360, houve uma queda de 31% nas compras desses produtos na comparação com o mesmo período do ano anterior. Essa análise envolveu 33,7 mil clientes afiliados à consultoria, revelando uma retração acentuada que abrangeu vodca, uísque, cachaça e gim entre os dias 28 de setembro e 4 de outubro.
Esse declínio nas vendas coincide com uma crise de contaminação por metanol, intensificada pela crescente cobertura da mídia sobre intoxicações associadas ao consumo de bebidas adulteradas. O aumento no número de casos noticiados inclui até mesmo óbitos, o que contribui para a preocupação dos consumidores e, consequentemente, para a diminuição nas compras.
Particularmente na vodca, o impacto é ainda mais forte, com uma retração quase de 38% em comparação com a mesma semana do ano anterior. Essa tendência reflete um comportamento mais cauteloso dos consumidores diante de informações alarmantes sobre a segurança das bebidas que estão sendo consumidas.
A visibilidade do problema aumentou consideravelmente na semana passada, quando o Ministério da Justiça e Segurança Pública divulgou dados sobre uma série de intoxicações por metanol no estado. Durante esse período, as autoridades realizaram operações que resultaram no fechamento de várias unidades responsáveis pela produção de bebidas adulteradas, reforçando a urgência da questão.
Fernando Faro, diretor de operações da Varejo360, aponta que o comportamento do consumidor está, sem dúvida, intimamente ligado a essa crise. Ele afirma: “Acredito que a queda nas duas últimas semanas está totalmente relacionada à crise do metanol. Porém, as vendas de vinho se mantiveram estáveis, o que indica que as pessoas estão, de fato, evitando comprar bebidas destiladas.”
Embora a situação pareça crítica, muitas empresas do setor têm se mostrado reticentes em comentar sobre a crise, receando impactos negativos em seus negócios. Faro observa que a retração nas vendas começou na 39ª semana, logo após a divulgação da crise, sugerindo que a informação teve um papel crucial na mudança de comportamento dos consumidores.
O analista ressalta que, enquanto o consumo de bebidas destiladas enfrentava uma queda, isso não era tão expressivo quanto agora. “Antes, a diminuição tinha relação com inflação e o poder aquisitivo da população, mas não nesse nível alarmante”, explica.
Os dados coletados pela Varejo360 abrangem compras realizadas em diferentes estabelecimentos, desde adegas e supermercados até lojas de conveniência. Essa abrangência permite uma visão mais clara do panorama atual do consumo.
Em adição a essa crise, o clima também desempenha um papel no consumo de bebidas. Faro explica que, devido ao frio mais intenso deste ano, as vendas de vinho aumentaram nos meses de julho e agosto, enquanto as de cerveja foram diretamente impactadas pela mudança climática. “Com o frio, a venda de cerveja cai. Nas duas últimas semanas, o produto sofreu uma retração de 16,2% nas vendas”, comenta.
Apesar desse cenário preocupante, não houve uma resposta imediata da Abras e da ABBD, associações representativas dos fabricantes de bebidas, quando consultadas. Por outro lado, a Abrasel, que reúne bares e restaurantes, relatou que a confiança do consumidor ainda se mantém, com apenas 26% dos estabelecimentos indicando algum tipo de queda no faturamento no último fim de semana.
No contexto atual, onde a segurança alimentar e a saúde pública estão em jogo, a situação das bebidas destiladas chama a atenção e exige uma resposta rápida tanto dos consumidores quanto das autoridades competentes. A combinação de uma crise de saúde e uma mudança no comportamento do mercado pode ter repercussões significativas no setor.
Imagem Redação
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