Papa Leão XIV Anuncia Primeira Viagem Internacional à Turquia e Líbano

O Vaticano confirmou, nesta terça-feira (7), um momento histórico: o papa Leão XIV fará sua primeira viagem internacional entre os dias 27 de novembro e 2 de dezembro, com destino à Turquia e ao Líbano. Esta visita simboliza a realização de um antigo desejo do falecido papa Francisco, que almejava celebrar os 1.700 anos do Primeiro Concílio de Niceia e trazer uma mensagem de apoio ao povo libanês, que enfrenta profundas crises.

A jornada do papa começará em Iznik, na Turquia, local que na Antiguidade era conhecido como Niceia, onde ocorreu o concílio que moldou as bases da doutrina cristã. Embora o itinerário completo ainda não tenha sido revelado, espera-se que Leão XIV se encontre com líderes religiosos e civis de ambas as nações, além de participar de celebrações ecumênicas, o que demonstra o seu compromisso com a unidade e a paz.

O simbolismo desta viagem é inegável. O Vaticano afirmou que se trata de “uma promessa e um sonho que se concretiza”. O retorno a Turquia, terra do Concílio de Niceia, ressalta a importância de celebrar este marco histórico, enquanto a visita ao Líbano, descrito como o “país da mensagem” pelo papa João Paulo II, enfatiza a urgência de apoio a um povo que enfrenta sérias adversidades.

Realização de um Desejo de Francisco

O comunicado oficial do Vaticano sublinha que Leão XIV, com suas raízes agostinianas, vai honrar o desejo de seu predecessor ao celebrar o aniversário do concílio em conjunto com bispos e patriarcas, no mesmo local onde ocorreu a assembleia. Ademais, enfatiza o anseio de Francisco de transmitir o carinho da Igreja ao povo libanês, que vive períodos prolongados de crises econômicas, políticas e humanitárias.

Além disso, a agência Ansa revelou que a visita acontece num contexto crítico de diálogos entre várias ramificações do cristianismo com o objetivo de instituir a celebração da Páscoa em uma única data, um tema discutido ao longo de décadas entre o Vaticano e as Igrejas Ortodoxas.

Alterações na Gestão Financeira do Vaticano

Simultaneamente às notícias sobre a viagem, Leão XIV também anunciou mudanças significativas na administração do Vaticano. Um dia antes da divulgação da visita, ele publicou um decreto revogando uma reforma financeira realizada por Francisco, que limitava o poder do Banco do Vaticano, formalmente conhecido como Instituto para as Obras de Religião (IOR).

Essa reforma previa que todos os investimentos dos departamentos do Vaticano fossem administrados exclusivamente pelo banco, em um esforço para promover a transparência após anos de escândalos financeiros. Com a decisão recente de Leão XIV, uma nova autonomia será concedida a outros órgãos da Santa Sé para buscar bancos estrangeiros se assim o considerarem benéfico.

O decreto deixa claro que, apesar da liberdade recém-reconquistada, as diretrizes de investimento do Vaticano, elaboradas por um comitê de supervisão durante o papado de Francisco, ainda precisam ser respeitadas.

Um Novo Direcionamento Político

Essas mudanças são interpretadas como um movimento do novo papa para descentralizar o poder financeiro da Cúria Romana. Desde a reforma de 2022, opiniões críticas surgiram no seio da Igreja, apontando para uma excessiva burocracia e uma perda de autonomia administrativa.

Com a revogação da reforma, os departamentos reaverão a liberdade de operar seus próprios investimentos, embora com o compromisso de alinhar-se às políticas estabelecidas por Francisco. Essa reorientação sugere um posicionamento do papa Leão XIV que busca equilíbrio entre continuidade e inovação na administração da Santa Sé.

Um Marco para o Novo Pontificado

A iminente viagem ao Líbano e à Turquia, aliada à reformulação das políticas financeiras do Vaticano, reflete o bilhete de introdução que Leão XIV pretende estabelecer no cenário global. Ele se apresenta como um líder moderado e conciliador, comprometido com o fortalecimento do diálogo inter-religioso e com a adaptação da Santa Sé aos desafios contemporâneos.

A primeira viagem do novo papa não só promete ser um marco diplomático e espiritual, como também um passo significativo em sua administração, estabelecendo uma nova era para a Igreja Católica. A expectativa é palpável, e muitos aguardam ansiosamente a mensagem de esperança e unidade que Leão XIV levará em sua jornada.

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