Terra em Alerta: Núcleo Interno Acelera Mudanças Inesperadas na Duração dos Dias
Um novo estudo da Universidade do Sul da Califórnia (USC) revela que o núcleo interno da Terra está desacelerando em relação à superfície do planeta. As implicações dessa descoberta são incertas, mas há especulações de que a duração dos dias pode ser afetada. A pesquisa foi divulgada na última quarta-feira (12) na renomada revista científica Nature.
A rotação do núcleo interno tem sido um tema controverso entre os cientistas nas últimas décadas. Estudos anteriores sugeriam que ele girava mais rapidamente que a superfície. Contudo, a pesquisa recente da USC apresenta evidências que indicam uma desaceleração da rotação desse núcleo desde 2010, movendo-se agora de forma mais lenta que a camada externa da Terra.
John Vidale, professor-reitor de Ciências da Terra na USC Dornsife, alerta que essa desaceleração pode impactar a duração de um dia em frações de segundo, embora tais mudanças sejam, por ora, imperceptíveis. “É complicado perceber alterações na ordem de um milésimo de segundo, que se perdem entre os ruídos dos oceanos e da atmosfera”, ressalta.
Entendendo o Núcleo Interno da Terra: Um Desafio Científico
O núcleo interno da Terra é uma esfera sólida composta predominantemente de ferro-níquel, rodeada por um núcleo externo líquido formado pelo mesmo material. Este núcleo, com dimensões semelhantes às da Lua, está a mais de 4.800 quilômetros abaixo da superfície, representando um desafio monumental para os cientistas, que não podem acessá-lo diretamente. Assim, se utilizam de ondas sísmicas geradas por terremotos para inferir o comportamento desse núcleo.
Nos últimos anos, a comunidade científica se debruçou sobre diversos abalos sísmicos, incluindo terremotos que ocorrem repetidamente na mesma região. Essa análise é crucial para gerar sismogramas, que são registros dos movimentos do solo.
Para este estudo, a equipe da USC analisou dados sísmicos coletados em torno das Ilhas Sandwich do Sul, oriundos de 121 terremotos entre 1991 e 2023. Também consideraram informações de testes nucleares realizados pela União Soviética entre 1971 e 1974, e por França e Estados Unidos, além de dados de investigações anteriores.
Segundo Vidale, a redução na velocidade de rotação do núcleo interno é provocada pela agitação do núcleo externo que o rodeia. Essa dinâmica gera o campo magnético terrestre e provoca os “puxões” gravitacionais das áreas densas do manto rochoso superior.
“Minha primeira reação ao observar os sismogramas que indicavam essa desaceleração foi de perplexidade”, confessa Vidale. “No entanto, à medida que encontramos mais evidências corroborando este padrão, ficou claro: o núcleo interno desacelerou pela primeira vez em muitas décadas. Estudos recentes propuseram modelos semelhantes, mas nossa pesquisa oferece as evidências mais robustas”, conclui.
Imagem Redação
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