Ministro da Saúde Apresenta Planos Urgentes para Combater Intoxicações por Metanol

Em uma coletiva realizada na última quinta-feira, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou uma série de iniciativas críticas destinadas a abordar o crescente problema das intoxicações por metanol, frequentemente associadas ao consumo de bebidas alcoólicas adulteradas. As medidas foram reveladas durante uma reunião da recém-criada Sala de Situação, concebida para coordenar ações em nível nacional e monitorar a situação com precisão.

Padilha enfatizou a importância da colaboração entre diferentes esferas do governo, destacando que o Sistema Único de Saúde (SUS) está operando em total sintonia com estados e municípios, além de contar com o suporte da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para garantir a fluidez na troca de informações essenciais. “A união de esforços é indispensável neste momento. Estamos todos comprometidos em salvar vidas e proteger a saúde da nossa população”, declarou o ministro.

Entre as medidas anunciadas, o Ministério da Saúde, em parceria com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), criou um estoque estratégico de 4,3 mil ampolas de etanol farmacêutico destinadas a hospitais universitários federais e serviços do SUS. Além disso, está sendo realizada uma compra emergencial de mais 5 mil tratamentos, totalizando 150 mil ampolas, para assegurar que a distribuição atenda às necessidades de todos os estados e municípios afetados.

Em resposta à demanda urgente, a Anvisa também iniciou uma chamada pública para identificar fornecedores internacionais do fomepizol, medicamento essencial para o tratamento da intoxicação por metanol, que atualmente não está disponível no Brasil. Padilha reiterou a urgência da medida: “Estamos mobilizando as dez principais agências reguladoras globais para que indiquem os fabricantes do fomepizol em seus respectivos países”.

Simultaneamente, o Ministério formalizou um pedido à Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) para a doação imediata de 100 tratamentos de fomepizol e manifestou a intenção de adquirir mais 1.000 unidades do medicamento através da linha de crédito do Fundo Estratégico da OPAS. “Esses pedidos são parte de uma estratégia preventiva. Embora os casos registrados nos últimos anos não ultrapassem 20, estamos observando um aumento significativo no estado de São Paulo”, explicou o ministro, enfatizando a necessidade de precaução.

Até o momento, o Centro Nacional de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) contabiliza 59 casos de intoxicação por metanol, sendo 53 apenas em São Paulo, com 11 casos confirmados. Há ainda um óbito confirmado, além de sete mortes sob investigação. Diante dessa realidade alarmante, o ministro destacou a importância de evitar o consumo de destilados de origem duvidosa, especialmente aqueles que são incolores e cuja procedência não pode ser verificada.

Padilha ainda aconselhou os consumidores a seguirem três recomendações fundamentais ao ingerir bebidas alcoólicas: não dirigir após o consumo, manter-se alimentado e hidratado, e, especialmente, certificar-se da origem da bebida. “Se estiver em um bar, evite aceitar bebidas de desconhecidos e busque sempre informações sobre a procedência. Este cuidado agora é mais crucial do que nunca”, ressaltou.

A Sala de Situação, que já está em atividade, se reunirá regularmente para acompanhar e coordenar as respostas necessárias. Com representantes de diversos ministérios e agências, a sala funcionará enquanto houver risco significativo e a necessidade de respostas preventivas em relação ao consumo de bebidas alcoólicas potencialmente adulteradas.

Para aumentar a capacidade de diagnóstico, a Rede Nacional de Laboratórios de Vigilância Sanitária está mobilizando três unidades com a capacidade de realizar análises imediatas. Além disso, 604 farmácias de manipulação foram identificadas para garantir a produção de etanol farmacêutico em todas as capitais do país.

É fundamental que profissionais de saúde notifiquem imediatamente casos suspeitos de intoxicação por metanol. Essa orientação já resultou em um aumento nas notificações em São Paulo e descobertas em Pernambuco e no Distrito Federal. Para dúvidas, a Anvisa disponibiliza um canal de atendimento pelo telefone 0800 642 9782.

Por fim, o tratamento para as intoxicações confirmadas é o etanol farmacêutico, que deve ser administrado de forma controlada, seja intravenosa ou oral, conforme a necessidade clínica. O Brasil dispõe de 32 Centros de Informação e Assistência Toxicológica, que funcionam como referência para orientação e manejo de intoxicações, reforçando o compromisso do governo com a proteção da saúde pública.

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