Ministério da Saúde cria Sala de Situação para combater intoxicações por metanol

Em uma resposta urgente aos alarmantes casos de intoxicação por metanol no Brasil, o Ministério da Saúde anunciou a criação de uma Sala de Situação dedicada ao monitoramento e coordenação de medidas frente a esse problema emergente. Até o momento, foram reportados 43 casos no país, sendo a maioria – 39 – registrados em São Paulo. Desses, 10 casos foram confirmados, enquanto outros 29 ainda estão sob investigação. Além disso, 4 casos estão sendo analisados em Pernambuco, com a Secretaria Estadual de Saúde confirmando a investigação de apenas três deles.

Entre os casos fatais, o cenário é igualmente preocupante. Um óbito foi ratificado em São Paulo e outros sete estão sendo analisados pelas autoridades de saúde. Em Pernambuco, foram identificadas duas vítimas: Celso da Silva, de 43 anos, natural de Lajedo, e um homem de 30 anos, identificado apenas pelas iniciais R. L., residente em João Alfredo. Ambas as cidades estão localizadas na região do Agreste pernambucano, e ambos os homens foram atendidos no Hospital Mestre Vitalino, em Caruaru, em um intervalo de 24 dias.

Celso foi internado com estado de saúde gravíssimo no dia 2 de setembro e faleceu uma semana depois. A segunda vítima fatal deu entrada no hospital no dia 26 de setembro, em estado crítico, e faleceu na terça-feira (30), quando a Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária foi notificada sobre os casos.

Outro caso que intriga as autoridades é de Marcelo dos Santos Calado, de 32 anos, cunhado de Celso. Após ser internado em 4 de setembro, Marcelo perdeu a visão, o que levanta questões sobre a gravidade do quadro dos intoxicados. O delegado de Lajedo, Cleonildo Orico, investiga a possibilidade de que uma das vítimas tenha consumido uísque adulterado com a intenção de revenda. A investigação também considera o consumo de bebidas em um festival de rock ocorrido no final de agosto.

Um quarto caso, envolvendo Jonas da Silva Filho, de 25 anos, foi notificado pela Prefeitura de Lajedo. Jonas apresentou sintomas graves como dificuldades de visão, pressão alta e taquicardia ao ser atendido no Hospital Municipal Maria da Penha. Infelizmente, ele não sobreviveu antes de ser transferido para o Hospital Mestre Vitalino, e seu caso segue em apuração.

Diante dessa situação alarmante, a Delegacia de Lajedo colaborou com a Polícia Civil de São Paulo para investigar possíveis conexões entre os casos nos dois estados. O delegado Orico ressaltou a importância de descobrir qualquer ligação, levantando questões sobre a origem e a produção da bebida intoxicante.

Até o final de agosto, o Brasil registrava aproximadamente 20 casos de intoxicação por metanol, segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. A situação atual é considerada atípica e sem precedentes nas estatísticas históricas da intoxicação por metanol no país. A inclusão da Polícia Federal nas investigações sugere a suspeita de organização criminosa envolvida na adulteração de bebidas.

Com a situação se deteriorando, o Ministério da Saúde emitiu uma nota técnica orientando estados e municípios a notificarem imediatamente quaisquer suspeitas de intoxicação por metanol. Essa medida visa intensificar a vigilância e acelerar a resposta a casos suspeitos, garantindo que a situação seja confrontada de maneira eficaz e rápida.

“O objetivo é permitir que possamos identificar rapidamente tanto os casos em São Paulo quanto quaisquer intoxicações que possam estar ocorrendo em outros estados, com base em comportamentos clínicos e epidemiológicos fora do padrão”, enfatizou o ministro Alexandre Padilha.

Com as investigações em andamento e um alerta em toda a nação, a presença de metanol nas bebidas representa um risco à saúde pública que não pode ser ignorado. A colaboração entre diferentes esferas da saúde e segurança é imperativa para garantir a segurança da população e prevenir novos casos de intoxicação, revelando a urgência de uma resposta coordenada para um problema que afeta a vida de muitos.

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