Hospital de Clínicas Municipal de São Bernardo do Campo Abre Protocolo de Morte Encefálica Após Intoxicação por Metanol
O Hospital de Clínicas Municipal de São Bernardo do Campo, localizado na região metropolitana de São Paulo, deu início ao protocolo de morte encefálica de Bruna Araújo de Souza, internada devido a uma grave intoxicação por metanol. A prefeitura local confirmou que os familiares da paciente foram informados sobre o procedimento, que é angustiante e delicado.
Bruna está sob cuidados médicos desde 29 de setembro, após consumir um copo de vodca misturada com suco de pêssego. De acordo com informações da Secretaria de Saúde, seu quadro de saúde se deteriorou consideravelmente nesta última sexta-feira, 3, resultando em um estado considerado gravíssimo.
O protocolo para confirmação da morte encefálica envolve uma série de testes rigorosos, planejados para avaliar as respostas neurológicas e orgânicas a diversos estímulos. Essa avaliação é realizada em várias etapas e por mais de um profissional de saúde, garantindo a precisão do diagnóstico.
A morte encefálica reflete a perda irreversível das funções tanto do córtex cerebral quanto do tronco cerebral. Tecnicamente, mesmo que o coração ainda esteja batendo, a respiração não poderá ser mantida sem a ajuda de aparelhos, tornando evidente que o indivíduo está, de fato, falecido.
Situação Preocupante em São Bernardo
Em um quadro alarmante, São Bernardo já registrou 30 casos de intoxicação por metanol, com uma confirmação até o momento. Até sexta-feira, a Secretaria de Saúde reportou que quatro mortes estão sob investigação, evidenciando a gravidade da situação de saúde pública que se agrava na região.
Em todo o Brasil, as autoridades registraram 113 incidentes, tanto confirmados quanto pendentes de investigação, distribuídos em seis estados; a maior parte dessa soma ocorre em São Paulo. No estado, há 102 notificações, abrangendo 11 casos confirmados e 91 pacientes em análise, além de um total de oito mortes, das quais uma foi oficialmente confirmada.
Essas intoxicações têm sido associadas ao consumo de bebidas destiladas adulteradas, como vodca, uísque e gim. A Polícia Civil de São Paulo investiga a possibilidade de que essas contaminações estejam ligadas ao uso de metanol em processos de limpeza de garrafas previamente adulteradas.
Ações das Autoridades
Em resposta à crise de saúde, quatro estabelecimentos comerciais foram interditados em São Bernardo, em uma ação conjunta entre a Vigilância Sanitária Municipal e equipes da Vigilância Sanitária Estadual. A Prefeitura também informou que a Polícia Civil confiscou garrafas nos mencionados estabelecimentos, enquanto a Delegacia de Investigação de Infrações e Crimes contra o Meio Ambiente (Dicma) lidera a investigação criminal sobre o caso.
A administração municipal revelou que, até o momento, 10 estabelecimentos foram fechados neste ano e 30 pessoas foram presas em conexão com a adulteração de bebidas. Somente nesta semana, a operação resultou na apreensão de 4.500 garrafas.
Para intensificar a vigilância sobre essa situação alarmante, o Ministério Público Federal (MPF) iniciou uma investigação voltada à possível adulteração de bebidas alcoólicas e instaurou um procedimento administrativo para monitorar os casos de intoxicação por metanol em todo o Brasil.
Medidas de Prevenção e Tratamento
Como parte das iniciativas em curso, o Ministério da Saúde anunciou que adquiriu 4,3 mil ampolas de etanol farmacêutico, que atuam como antídoto para a intoxicação por metanol. Além disso, está em processo de aquisição de 150 mil novas ampolas, com o intuito de assegurar um estoque robusto dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). Essa quantidade é suficiente para tratamentos em até 5 mil pacientes.
A pasta também está em busca do antídoto fomezipol, através de doações de empresas na Índia, Estados Unidos e Portugal, além da linha de crédito do Fundo Estratégico da Organização Pan-Americana da Saúde, o que poderá garantir a aquisição de outras 1 mil unidades desse medicamento vital.
Essa situação crítica exige atenção urgente e ação efetiva por parte das autoridades e da sociedade, visto que o uso indiscriminado de bebidas adulteradas coloca vidas em risco. É essencial que a população permaneça informada e alerta para evitar novos episódios trágicos como o de Bruna Araújo de Souza.
Imagem Redação
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