Alta nas Tarifas de Energia Pressiona Inflação em Julho
As contas de luz com bandeira vermelha e os reajustes tarifários em cinco capitais elevaram o peso no bolso do consumidor brasileiro, resultando em uma inflação prévia de 0,33% para julho, superando os 0,26% de junho.
Enquanto isso, o preço dos alimentos, um dos principais responsáveis pela inflação nos últimos meses, registrou queda pelo segundo mês consecutivo, contribuindo para a contenção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15).
Os dados foram apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no Rio de Janeiro. Com essa nova atualização, o IPCA-15 acumula alta de 5,3% nos últimos 12 meses, ultrapassando a meta governamental de 4,5%. No mesmo período do ano passado, a taxa foi de 0,30%.
Das nove categorias de produtos e serviços analisados, cinco apresentaram aumento em julho.
Resultados por Categoria e seus Impactos
- Alimentação e bebidas: -0,06% (-0,01 p.p.)
- Habitação: 0,98% (0,15 p.p.)
- Artigos de residência: -0,02% (0 p.p.)
- Vestuário: -0,10% (0 p.p.)
- Transportes: 0,67% (0,13 p.p.)
- Saúde e cuidados pessoais: 0,21% (0,03 p.p.)
- Despesas pessoais: 0,25% (0,03 p.p.)
- Educação: 0,00% (0 p.p.)
- Comunicação: 0,11% (0 p.p.)
Tarifas de Energia Sobem e Afetam Família Brasileira
Embora o aumento de 0,98% no grupo habitação tenha desacelerado em relação a junho (1,08%), a cobrança da energia elétrica residencial, que subiu 3,01%, foi a principal responsável pelo impacto no IPCA-15.
Esse aumento se deve à bandeira tarifária vermelha patamar 1, que foi mantida, imposição governamental para cobrir os custos das usinas termelétricas diante da baixa nos reservatórios hidrelétricos. A tarifa extra de R$ 4,46 por cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos continua em vigor após um aumento de 3,29% no mês anterior.
Reajustes nas contas de energia elétrica em cinco cidades — Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro — também contribuíram para essa alta. Como o IPCA-15 é um indicador nacional, esses aumentos regionais impactam diretamente no índice.
Alimentos: Alívio Temporário em Meio a Alta Histórica
Após uma leve queda de 0,02% em junho, os preços dos alimentos caíram novamente em julho, agora, em 0,06%. Os principais responsáveis por essa diminuição foram a batata-inglesa (-10,48%), cebola (-9,08%) e arroz (-2,69%).
Embora os últimos dois meses tenham oferecido algum alívio, os alimentos acumulam alta de 7,36% em 12 meses, permanecendo como o grupo com maior inflação no IPCA-15. O cenário positivo da safra brasileira, com recordes previstos, também ajuda a amenizar os custos.
Transportes: Alta nas Passagens Aéreas e Serviços de Aplicativos
No segmento de transportes, a elevação de 0,67% foi impulsionada pelas passagens aéreas, com aumento de 19,86% (impacto de 0,11 p.p.), além dos serviços de carros de aplicativo, que subiram 14,55%, representando 0,03 p.p.
Por outro lado, os combustíveis mostraram alívio, com diminuições entre 0,57% e 1,21%, sendo a gasolina, que compõe a maior parte da cesta de consumo, a principal responsável por uma redução significativa de -0,03 p.p.
Metodologia do IPCA-15: Indicador de Alerta e Expectativa
O IPCA-15 segue a mesma metodologia do IPCA, sendo uma medida essencial para a política de metas inflacionárias do governo, cuja meta é de 3% em 12 meses, com um intervalo de variação de 1,5 p.p.
A diferença está no tempo de coleta de preços e na área geográfica abordada. A prévia é coletada entre 14 de junho e 15 de julho, antes do fechamento do mês de referência.
A amostra do IPCA-15 abrange 11 cidades, enquanto o IPCA completo considerará 16 localidades, com a divulgação da inflação cheia de julho prevista para 12 de agosto.
Imagem Redação
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