COP30: Alinhamento entre Ciência e Conhecimento Tradicional no Combate às Mudanças Climáticas
A ciência brasileira está cada vez mais se integrando ao conhecimento ancestral de povos tradicionais, como indígenas e quilombolas, na luta contra o aquecimento global e as mudanças climáticas. Essa afirmação é respaldada por Luiz Antonio Elias, presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que tem o papel crucial de financiar pesquisas e inovações no Brasil. Em um momento em que se aproxima a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), marcada para 10 a 21 de novembro em Belém, essa abordagem colaborativa se mostra vital.
A Finep, ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), é um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento científico no país. Recentemente, Elias discutiu a integração desses conhecimentos e a urgência de ações proativas na agenda climática, em uma conversa aberta com a Agência Brasil. O líder destacado compartilhou sua visão sobre a importância de unificar a comunidade científica e os saberes tradicionais.
Elias, economista de 72 anos com vasta experiência em gestão pública no setor de ciência e tecnologia, será um dos representantes brasileiros na COP30, onde representantes de diversos países se reunirão para encontrar soluções eficazes para os desafios climáticos. Sua ampla experiência, incluindo seu papel anterior como secretário executivo do MCTI, traz uma perspectiva valiosa para as discussões que virão.
A conversa ocorreu na sede da Finep, em um ambiente propício para a troca de ideias, entre painéis temáticos com especialistas de diferentes vertentes da ciência e da sociedade civil. Essa interação reflete a urgência em fortalecer as políticas climáticas, um tema que permanece em destaque em um cenário global que demanda ações efetivas contra os efeitos das mudanças climáticas.
Durante a entrevista, Elias enfatizou que a ciência deve desempenhar um papel fundamental no enfrentamento dessas questões. A busca por dados e análises é crucial para moldar políticas públicas que atendam às necessidades emergentes da sociedade. Ele acredita que, conforme o aquecimento global continua a fazer sentir seus efeitos, a necessidade de uma resposta eficaz se torna ainda mais premente. Os parâmetros que a ciência oferece são essenciais para lidar com questões que vão desde a saúde humana até a sustentabilidade do agronegócio.
Além disso, Elias reconheceu a importância do saber tradicional, afirmando a relevância do conhecimento ancestral no campo da saúde, da biodiversidade e de outras áreas críticas. Essa visão abre espaço para um diálogo fundamental entre a ciência moderna e as práticas culturais de comunidades que têm se dedicado à preservação do meio ambiente por gerações. Tais saberes não apenas enriquecem a pesquisa científica, mas também promovem a justiça social ao valorizar os direitos de comunidades que historicamente têm sido marginalizadas.
Em sua análise sobre a identidade da ciência brasileira, Elias destacou que o Brasil possui uma posição privilegiada para liderar no combate às mudanças climáticas, especialmente devido à sua vasta biodiversidade e ao bioma da Amazônia. A capacidade de formar políticas públicas robustas e integradas é uma demonstração de como as transições ecológicas e socioambientais podem ser realizadas. Essa abordagem colaborativa, sob sua liderança, promete fortalecer o Brasil não apenas internamente, mas também em sua imagem internacional.
Quando perguntado sobre o foco da Finep, Elias explicou que a fundação não se restringe apenas à agenda climática, mas aborda uma diversidade de temas relacionados ao avanço tecnológico e à sustentabilidade. A transição ecológica, com ênfase em energias renováveis e descarbonização, está, sem dúvida, no centro das estratégias da Finep. A ampliação de recursos disponíveis e o fortalecimento de alianças com outras organizações são passos essenciais para garantir um futuro sustentável.
O orçamento da Finep, considerado robusto atualmente, representa um avanço significativo em comparação a gestões anteriores. Essa nova realidade se deve ao esforço do governo em alocar recursos estratégicos, que incluem mais de R$ 22 bilhões direcionados para ciência e tecnologia. Esse investimento não só democratiza o acesso ao conhecimento, mas também promove inclusão e geração de empregos, evidenciando uma nova era de desenvolvimento em que a ciência está no cerne das políticas públicas.
Com a COP30 se aproximando rapidamente, a questão da união entre ciência e saberes ancestrais se torna uma voz cada vez mais alta no debate nacional e internacional. Enquanto o mundo observa, o Brasil tem a oportunidade de destacar-se como um líder no enfrentamento das crises climáticas e sociais do presente, alicerçando seu futuro na sinergia entre inovação e tradição.
Imagem Redação
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