Festival ViraMundo: Arte e Saúde Mental se Encontram em Brasília
Neste final de semana, a Torre de TV se tornou o palco do Festival ViraMundo, uma notável iniciativa que uniu arte, cultura e saúde mental em uma programação vibrante e gratuita para o público. Com debates enriquecedores e apresentações culturais diversificadas, o evento ressaltou a importância da arte no cuidado em liberdade e na reabilitação psicossocial, apresentando-se como uma verdadeira ode à expressão e inclusão.
Organizado por uma coalizão de entidades da capital, com o valioso apoio da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), o festival apresentou uma programação repleta de atividades. Os visitantes puderam conferir instalações interativas, percussão popular, capoeira, teatro, música e discussões pertinentes. Todas essas experiências foram conduzidas por profissionais e usuários dos serviços de saúde mental da rede pública, particularmente dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps).
“A cultura, a arte e o diálogo são fundamentais para o cuidado em liberdade que desejamos proporcionar nos Caps do DF e em outros serviços da rede”, afirmou Jamila Zgiet, gerente de Desinstitucionalização da SES-DF. As vivências e rodas de conversa não apenas promovem entretenimento, mas também criam um espaço de reflexão sobre o papel da arte no bem-estar mental.
O evento é uma maneira eficaz de romper barreiras. Segundo Felipe Braga, psicólogo do Caps II do Paranoá, “o festival amplifica o diálogo com a sociedade, permitindo que coletivos de arte, muitas vezes isolados, compartilhem suas experiências e falem sobre temas cruciais relacionados à saúde mental”. Realizar o evento em um local simbólico como a Torre de TV exacerba essa oportunidade de sensibilizar um público mais amplo sobre a saúde mental, loucura e as nuances do cuidado em liberdade.
Fernanda Falcomer, subsecretária de Saúde Mental da SES-DF, corroborou essa perspectiva ao afirmar: “Eventos como o ViraMundo são essenciais para a inclusão social de pessoas com transtornos mentais. A vivência por meio da arte e cultura fortalece todo o processo de reabilitação psicossocial, tornando o cuidado mais humano e acessível”. Esse tipo de iniciativa não é apenas benéfico; é um passo importante em direção a uma sociedade mais inclusiva.
Além de promover a cultura e a arte, o festival também fez questão de resgatar a história e homenagear figuras significativas da luta antimanicomial no Brasil e no Distrito Federal. Entre os homenageados estava Juliana Garcia Pacheco, uma psicóloga que atuava no Caps II do Paranoá e que se destacou pela militância em favor dos direitos das pessoas com transtornos mentais, até seu falecimento em 2020. Sua contribuição foi inestimável e seu legado perdura na luta por um sistema mais justo e acolhedor.
Outra figura celebrada foi Samuel Magalhães, poeta e artesão que, como usuário do Caps II do Riacho Fundo, mantinha uma banca cultural na Torre de TV. Sua coletânea póstuma de poesias foi lançada recentemente, evidenciando o impacto que sua arte teve na cultura local e na sensibilização sobre temas relacionados à saúde mental.
O Festival ViraMundo representa um marco na busca pela valorização da saúde mental na sociedade, ao mesmo tempo em que destaca a importância da arte como um meio de cura, inclusão e expressão. Ao reunir diversas vozes e experiências, ele promove não apenas a conscientização, mas instiga reflexões profundas sobre como podemos, coletivamente, trabalhar por um mundo mais compreensivo e humano.
Essa integração entre saúde mental e arte não poderia ser mais atual. À medida que o estigma em torno dos transtornos mentais começa a ser desafiado, eventos como o ViraMundo são essenciais para pavimentar o caminho para uma sociedade mais empática e igualitária. Se você ainda não teve a oportunidade de participar de tais eventos, agora é a hora de se engajar e fazer parte dessa mudança vital.
Imagem Redação
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