Depoimento Tenso de Empresário Movimenta CPI do INSS e Revela Conflitos

O clima na CPI do INSS esquentou durante o depoimento do empresário Fernando dos Santos Andrade Cavalcanti. Com uma série de acusações, debates acalorados entre parlamentares e até a exibição de um vídeo polêmico, a sessão se destacou como um marco de tensão e revelações. A postura de Cavalcanti, que optou por não responder às perguntas dos deputados, gerou uma onda de indignação, especialmente do deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO), que pediu coragem ao depoente.

Logo após, a apresentação de um vídeo em que Cavalcanti aparece deitado com seu ex-sócio, Nelson Willians, elevou o nível da discussão. O conteúdo do vídeo foi interpretado pelos parlamentares como sugestivo, levantando questões acerca da natureza da relação entre os dois. A situação exacerbou a atmosfera já turbulenta na CPI, com os deputados rapidamente se dividindo em linhas de apoio e oposição.

Durante as indagações conduzidas pelo deputado Alfredo Gaspar (Podemos-MG), a expectativa em torno de Cavalcanti foi frustrada. O empresário, ao ser questionado sobre os negócios de Willians, limitou-se a afirmar que foi contratado em 2017 com o objetivo de melhorar a governança da empresa, sem fornecer informações concretas. Essa falta de clareza não só irritou os parlamentares, como também levantou suspeitas sobre a colaboração de Cavalcanti com a comissão.

Em um momento revelador, Cavalcanti admitiu haver uma relação próxima com Willians, chegando a referir-se a ele como “papi”, um termo que ele mesmo descreveu como uma referência simbólica ao papel paternal. No entanto, a falta de detalhes sobre o envolvimento dele nas operações empresariais levantou mais perguntas do que respostas, especialmente no que diz respeito à dissolução das sociedades entre os dois.

A situação tornou-se ainda mais tensa quando Cavalcanti se absteve de detalhar sua fortuna. Com uma coleção de aproximadamente 21 a 23 veículos de luxo, incluindo marcas icônicas como Ferrari e Mercedes, ele afirmou apenas que seus bens eram de valor considerável. A atitude evasiva deixou os membros da CPI perplexos, gerando uma nova onda de reprovação.

As discordâncias entre os deputados culminaram em uma discussão acalorada. Coronel Chrisóstomo disparou críticas contra o Partido dos Trabalhadores (PT), insinuando envolvimento em atos ilegais e vinculação com esquemas de corrupção. O tom exaltado de suas declarações refletiu a profunda divisão política presente na câmara, acentuando ainda mais a atmosfera de tensão.

Enquanto a discussão se intensificava, o deputado Rogério Correia (PT-MG) pediu insistentemente um direito de resposta, que lhe foi negado. Após essa negativa, Correia solicitou que Chrisóstomo mencionasse seu nome diretamente, numa tentativa de conter as acusações que o envolviam. Essa troca de palavras evidencia o clima de polarização política que permeia as reuniões da CPI.

Cavalcanti, em seu depoimento, tentou se distanciar das acusações, negando ser um “laranja” no suposto esquema e questionando-se sobre sua possível ligação com o ocultamento de veículos. Sua defesa foi diretamente contestada, especialmente em relação a uma operação policial realizada na véspera que destacou a movimentação incomum de veículos de luxo em um shopping em Brasília.

Recentemente, o empresário foi alvo de mandados de busca e apreensão na Operação Sem Desconto, onde foram encontrados itens valiosos, como uma Ferrari e relógios de marca, além de quantias em dinheiro vivo. As descobertas levantaram mais dúvidas sobre seu patrimônio e seus vínculos com atividades ilícitas, chocando a opinião pública.

Informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) indicaram movimentações financeiras suspeitas ligadas a Nelson Willians, potencializando as investigações em curso. A CPI segue com seus trabalhos, em busca de elucidar as questões que cercam as fraudes contra aposentados e as conexões entre os réus, com um olhar atento do público para os próximos desdobramentos desse caso que promete agitar ainda mais os bastidores políticos.

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