Integração entre Ciência e Saberes Tradicionais é Essencial no Combate às Mudanças Climáticas
O desafio do aquecimento global e das mudanças climáticas exige uma colaboração inovadora entre ciência e saberes tradicionais. Essa visão é defendida pelo presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Luiz Antonio Elias, que acredita firmemente na importância de incorporar o conhecimento das comunidades indígenas, quilombolas e tradicionais no desenvolvimento de políticas públicas voltadas para a sustentabilidade.
Em uma análise contundente, Elias destacou a inevitabilidade do aumento da temperatura global e os impactos significativos que isso trará para a qualidade de vida, a economia e a saúde do planeta. Durante um evento realizado na sede da Finep, no Rio de Janeiro, ele compartilhou sua perspectiva sobre como essa integração pode oferecer soluções práticas e eficazes. “É inegável que teremos uma elevação da temperatura, e isso trará consequências fundamentais para a qualidade de vida, para a economia e para o próprio planeta”, afirmou Elias.
Com uma carreira sólida de 72 anos e vasta experiência como economista e pesquisador no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), ele também atuou como secretário executivo no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação em administrações anteriores. Sua experiência será um diferencial na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-30), que acontecerá em Belém (PA), de 10 a 21 de novembro.
A Fusão de Conhecimentos: Ciência e Ancestralidade
O presidente da Finep reiterou que a ciência deve se abrir para os saberes ancestrais, reconhecendo a experiência e a contribuição significativa que esses povos têm na preservação ambiental e na identificação de soluções naturais. Elias enfatizou a importância de aprender com essas tradições: “Temos que aprender com a ancestralidade e com os conhecimentos tradicionais. Eles já nos mostraram, por exemplo, caminhos cruciais nas áreas dermatológica e da biodiversidade, com elementos encontrados na natureza que têm aplicações na saúde”.
Para que esse intercâmbio de saberes se concretize, é essencial que existam marcos legais que sustentem essa colaboração, como o Código de Propriedade Intelectual. Esse código prevê o reconhecimento e a repartição de benefícios com as comunidades que detêm conhecimentos tradicionais, garantindo que essas populações sejam devidamente valorizadas e recompensadas por suas contribuições.
Construindo uma Identidade Científica Brasileira
No encontro com representantes do setor científico, Luiz Antonio Elias defendeu também a necessidade de estabelecer uma identidade própria para a ciência brasileira. Essa identidade deve refletir as potências naturais e regionais do país, propondo uma resposta eficaz às crises ambientais globais. “Temos a oportunidade de mostrar ao mundo que o Brasil tem capacidade de liderar a transição ecológica, socioambiental e energética. A Amazônia é um elemento decisivo para essa transformação global”, sublinhou.
Nesse contexto, a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) é vista como um espaço estratégico fundamental para integrar os países amazônicos, promovendo um diálogo coletivo sobre as questões ambientais. Elias lembrou que “sem ciência não há inovação, e sem inovação o Brasil não se desenvolve”, sublinhando a importância de um desenvolvimento sustentável.
Avanços na Agenda Climática e Fortalecimento da Finep
Embora a agenda climática não seja o único foco da Finep, Luiz Antonio Elias destacou que a instituição tem priorizado temas como descarbonização, hidrogênio verde, energias renováveis e a tão necessária transição ecológica. “A Finep atua em várias frentes, desde a pesquisa laboratorial até a indústria, passando por biodiversidade, saúde e minerais estratégicos. No entanto, tratar da descarbonização e da transição ecológica é central nas nossas políticas”, afirmou.
Ele ressaltou ainda que a Finep está vivendo um momento de fortalecimento orçamentário, o que representa uma grande oportunidade para impulsionar projetos inovadores. “Nunca estivemos com tantos recursos como agora, tanto nos instrumentos reembolsáveis quanto nos não reembolsáveis”, declarou Elias. Essa transformação orçamentária é resultado de um projeto de lei sancionado pelo governo federal que permitiu à Finep acessar um superávit financeiro significativo.
O Papel da Finep e o Futuro Sustentável
A Finep, vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, é crucial para financiar projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação no Brasil. Com um papel destacado na próxima COP-30, a instituição irá discutir compromissos globais essenciais para mitigar as mudanças climáticas e diminuir as emissões de gases de efeito estufa. A união entre ciência, saberes tradicionais e inovação pode ser o caminho para um futuro mais sustentável e próspero.
Imagem Redação
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