Outubro Rosa: A Urgência da Prevenção do Câncer de Mama
O mês de outubro é marcante na luta contra o câncer de mama, simbolizado pela campanha Outubro Rosa. Essa iniciativa não apenas promove a conscientização acerca da importância da detecção precoce da doença, mas ressalta também a vital relevância do autocuidado e da saúde da mulher.
Este ano, o foco está na prevenção. O câncer de mama, quando detectado em sua fase inicial, apresenta uma chance de cura de até 95%. Entretanto, continua a ser o câncer mais prevalente globalmente e a principal causa de morte entre mulheres no Brasil, sublinhando a urgência de ações efetivas.
Atualmente, o Ministério da Saúde assegura o acesso à mamografia pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para mulheres a partir dos 40 anos, mesmo na ausência de sintomas. Esta abordagem é crucial para garantir que a investigação precoce ocorra, permitindo diagnósticos tempestivos.
O estudo “Panorama do Câncer de Mama,” realizado pelo Instituto Natura em parceria com o Observatório de Oncologia, expõe as principais lacunas e desafios na luta contra essa doença no Brasil. Os dados obtidos permitem identificar tendências alarmantes que exigem um olhar mais atento das políticas públicas de saúde.
Essenciais no rastreio do câncer de mama, as mamografias no Brasil ainda estão aquém das recomendações da Organização Mundial da Saúde, que sugere uma cobertura de 70% para mulheres entre 50 e 69 anos. Apenas 24% das mulheres nessa faixa etária realizaram os exames em 2024, com o Ceará atingindo apenas 17%.
Casos de desigualdade no acesso à saúde também se revelam alarmantes. Mulheres brancas realizam 50,8% das mamografias no SUS, enquanto mulheres negras, amarelas e indígenas ficam com percentuais inferiores: 36,4%, 12,8% e 0,1%, respectivamente. Isso denota uma necessidade urgente de políticas inclusivas na área da saúde.
Outro fator crítico é a locomoção para obter tratamento. No Brasil, 51% das pacientes precisam se deslocar significantemente para tratamentos. No Ceará, 44% das mulheres enfrentam este desafio ao buscar atenção à saúde, apenas 37% para realizar exames de rastreio.
Mariana Lourencinho, líder de políticas públicas voltadas à saúde das mamas, enfatiza que a ausência de dados precisos é um entrave na tomada de decisões. “O câncer de mama precisa ser uma prioridade”, afirma.
Dados recentes ilustram a gravidade da situação, destacando que a maioria dos diagnósticos ocorre em estágios avançados. Nos últimos anos, a porcentagem de diagnósticos em estágio tardio apresentou um crescimento preocupante. A região Nordeste foi responsável por 25% dos novos casos entre 2015 e 2024, evidenciando a urgência de intervenções imediatas.
A situação é ainda mais crítica no Ceará, onde 55,3% dos diagnósticos são feitos em estágios avançados. Adicionalmente, a média de tempo entre diagnóstico e tratamento ultrapassa o limite legal estabelecido, um dado alarmante considerando que a rapidez na abordagem é crucial para a cura.
Compreender as estatísticas reflete a necessidade de um esforço conjunto para garantir que mais mulheres tenham acesso ao cuidado que necessitam. “Precisamos criar políticas que incentivem as mulheres a buscar cuidado com suas mamas de forma contínua”, conclui Lourencinho.
Enquanto isso, histórias de superação emergem. Marcela Brasileiro, arquiteta de 58 anos, foi diagnosticada com câncer de mama em 2024, o mesmo que vitimou sua mãe. Graças à sua vigilância em realizar exames de rotina, a condição foi detectada em um estágio ainda tratável. Hoje, ela fala sobre a importância do autocuidado e do diagnóstico precoce, ressaltando que a detecção inicial é fundamental para um tratamento eficaz.
A oncologista Virgínia Moreira defende que toda mulher deve adotar dois focos: prevenção e rastreamento precoce. Alertando sobre a importância do reconhecimento dos próprios corpos, reforça que qualquer alteração deve ser investigada imediatamente.
Mas não se trata apenas de diagnóstico; o acesso aos tratamentos é igualmente crucial. Novas pesquisas e terapias inovadoras estão sendo desenvolvidas para tratar o câncer de mama, mas o alto custo ainda limita o acesso a esses recursos.
O Outubro Rosa não deve ser uma campanha isolada. A conscientização precisa ser um esforço contínuo, promoção do autocuidado e ações preventivas ao longo de todo o ano. A saúde das mulheres é prioridade e deve refletir um compromisso coletivo de cuidado e prevenção.
Neste Outubro Rosa, que o apelo por ação vá além da consciência: que inspire mudanças concretas na saúde coletiva das mulheres em todo o Brasil, garantindo que cada uma tenha a chance de uma vida saudável e plena.
Imagem Redação
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