Brasil e França Inauguram Plataforma Internacional de Pesquisa em Saúde Global
Em 2025, o Brasil e a França celebram 200 anos de relações diplomáticas, um marco que ganha relevância com o lançamento da Plataforma Internacional de Pesquisa em Saúde Global (Prisme). Este projeto, que representa a evolução da cooperação técnica e científica entre as duas nações, foi apresentado recentemente pela conselheira científica da Embaixada da França no Brasil, Sophie Jacquel, em um podcast. A nova estrutura busca reunir esforços nas áreas de saúde, meio ambiente, biodiversidade e mudanças climáticas, desafiando os modelos de colaboração tradicionais.
A proposta da Prisme é inovadora e visa transcender as colaborações bilaterais, promovendo um modelo mais integrador. Instituições de ambos os países, já engajadas em atividades concretas, unir-se-ão em uma aliança que promete reforçar a sinergia científica e abordar desafios comuns, em especial os relacionados à saúde pública. Durante sua apresentação, Sophie enfatizou a coincidência das prioridades de ambos os países, destacando que as obrigações vão além de simples acordos, tocando em questões prementes como a melhoria das condições de saúde e a prevenção de doenças futuras.
A Plataforma foi idealizada em 2024 durante a visita do presidente francês Emmanuel Macron ao Brasil, consolidando um diálogo proativo entre os dois governos. A conselheira apontou a sinergia entre as prioridades de Brasil e França como um fator crucial, salientando as ameaças similares enfrentadas em saúde pública, particularmente na luta contra pandemias e o controle de doenças. “Ambos os países têm as mesmas prioridades e desafios”, afirmou Sophie.
As questões de saúde estão profundamente entrelaçadas com as preocupações ambientais; conforme mencionado, o aquecimento global contribui para a multiplicação de mosquitos transmissores de doenças. A prevenção e o combate a essas doenças emergentes, através de pesquisa colaborativa, prometem ser uma das prioridades da Prisme. Sophie destacou: “Um dos objetivos da plataforma é trabalhar juntos para tentar prevenir essas doenças, uma ação necessária diante do aumento das temperaturas que afetam a saúde pública”.
O consórcio de instituições brasileiras é abrangente, incluindo o Ministério da Saúde, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e outras entidades-chave. Do lado francês, importantes organismos de pesquisa, como o Instituto Pasteur e a Agência Nacional Francesa de Pesquisa sobre Doenças Infecciosas, se fazem presentes, oferecendo à parceria uma base sólida de conhecimento e expertise.
“São instituições que fazem pesquisa de ponta em saúde que se uniram para definir prioridades e fortalecer essa colaboração”, explicou Sophie, enfatizando que a inclusão de outras instituições ao longo do tempo será bem-vinda, ampliando os horizontes da Prisme.
Um dos temas abordados na conversa foi a necessidade de avançar na pesquisa sobre arboviroses, um problema conhecido no Brasil. Doenças como dengue, chikungunya e zika são uma preocupação constante, mais ainda em um cenário de mudanças climáticas. A pesquisa colaborativa emergida da Prisme se propõe a identificar novas estratégias de combate à transmissão de vírus, um passo fundamental na luta pela saúde pública.
Outro aspecto notável da colaboração é o lançamento de uma caravana científica fluvial, que partirá de Manaus e fará paradas em várias cidades ribeirinhas, incluindo Belém.O objetivo é interagir com a população local e entender melhor as condições de vida e as necessidades nas diversas comunidades ao longo do rio. Esta caravana contará com a participação de cientistas de disciplinas variadas, favorecendo uma troca rica de conhecimentos. “A Amazônia é um território vivo”, enfatizou Sophie, destacando a importância de valorizar esse bioma no contexto das discussões científicas e ambientais.
A conselheira também ressaltou a necessidade urgente de investimento em ciência. “É preciso lembrar que a ciência necessita de financiamento. O investimento na formação de cientistas e em pesquisas é uma prioridade”, alertou, reforçando a relevância do apoio governamental e institucional para a continuidade dessas iniciativas.
A primeira reunião presencial da Prisme está agendada para julho de 2026, no Rio de Janeiro, onde o comitê e o conselho científico se prepararão para estruturar a governança do projeto. Sophie revelou que uma parte significativa da plataforma será dedicada à formação de jovens pesquisadores, promovendo uma inclusão efetiva na iniciativa. “Ainda não posso dar detalhes, pois isso é papel do comitê, mas estamos comprometidos com essa integração”, afirmou.
A Embaixada da França desempenha um papel crucial na implementação da Prisme. Sophie concluiu dizendo que a Embaixada fornece suporte fundamental para facilitar a cooperação entre os diversos órgãos envolvidos, destacando que o momento de estabelecimento da plataforma coincide com as comemorações dos 200 anos das parcerias diplomáticas entre Brasil e França.
A Prisme representa um passo audacioso e necessário para enfrentar os desafios contemporâneos em saúde pública e meio ambiente, reforçando a importância da cooperação internacional em um mundo cada vez mais interconectado.
Imagem Redação
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