Bolsonaro Sob Tornozeleira: Impactos nas Negociações com os EUA
A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de impor tornozeleira eletrônica ao ex-presidente Jair Bolsonaro não deverá afetar as negociações sobre as tarifas dos Estados Unidos. A afirmação é do vice-presidente Geraldo Alckmin, que se reuniu com representantes dos setores de mineração e energia, fortemente impactados pelas medidas do governo Donald Trump.
Em entrevista, Alckmin destacou a importância do diálogo nas tratativas com os Estados Unidos. Ele salientou a separação entre os Poderes e a impossibilidade de interferência do Executivo nas decisões do Judiciário.
“A decisão de Moraes não deve interferir nas negociações comerciais, pois a separação dos Poderes é fundamental tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. As questões políticas ou jurídicas são independentes das tarifas”, afirmou Alckmin.
O vice-presidente não se aprofundou sobre a decisão de Moraes ou as perspectivas para Bolsonaro, enfatizando que tais questões pertencem exclusivamente ao Judiciário.
Recentemente, Moraes determinou que Bolsonaro utilize tornozeleira eletrônica, limitando seu acesso às redes sociais e sua proximidade com embaixadas. Além disso, o ex-presidente deve permanecer em casa das 19h às 6h durante a semana e em tempo integral nos fins de semana e feriados, sob pena de prisão em caso de descumprimento.
Negociações com a OMC em Suspenso
Em relação a um possível recurso do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC), mencionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Alckmin explicou que a prioridade é a negociação e que a OMC seria uma opção de último recurso. “Reforçamos a disposição do Brasil para a negociação”, reiterou.
Alckmin esclareceu que ações concretas do governo só poderão ser tomadas após a imposição das tarifas por Trump, que ameaçou elevá-las a 50% nas exportações brasileiras a partir de 1º de agosto.
“Para entrar na OMC, é necessário um fato concreto. O processo inclui consultas e um painel, que só ocorrem após a concretização das tarifas. Até o momento, não recebemos resposta à carta enviada ao governo americano solicitando a suspensão das tarifas”, detalhou o vice-presidente.
Reuniões Estratégicas em Andamento
Como coordenador do comitê interministerial que discute as tarifas impostas por Trump, Alckmin se reuniu esta semana com empresários de diferentes setores. Esses encontros visam fortalecer os argumentos do governo nas negociações com os EUA.
“O foco é a negociação. Com isso, podemos transitar de uma situação de perdas para uma de ganhos mútuos, ampliando o comércio e os investimentos. Brasil e Estados Unidos representam os maiores mercados das Américas”, destacou Alckmin, mencionando o superávit comercial dos EUA com o setor de mineração brasileiro, que não justifica a imposição tarifária.
Finalizando sua análise, o vice-presidente reafirmou que a soberania brasileira é inegociável e ressaltou a unidade do setor privado em torno desta questão. “Nos últimos encontros, observamos uma união nacional em defesa da soberania do Brasil. É imperativo suspender esse aumento de tarifas, que representa um impasse para ambos os países”, concluiu.
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