John Clark e a Revolução Quântica: Premiado com o Nobel de Física
O professor emérito de física da Universidade da Califórnia, em Berkeley, John Clark, junto a dois ex-alunos, foi homenageado com o Prêmio Nobel de Física de 2025. O reconhecimento se deve à sua contribuição em pesquisas que revolucionaram a tecnologia quântica, fundamentais para o desenvolvimento de computadores quânticos e inovações como o iPhone.
Clark, de 83 anos, estava em casa quando recebeu a chamada inaugural do Nobel, quase perdendo a oportunidade de atender. Na coletiva de imprensa realizada na última terça-feira, sua surpresa era palpável. Ele compartilhou: “Inicialmente, não acreditei que fosse verdade, mas logo percebi que era. Estava em estado de choque, nunca esperei por algo assim na minha vida”.
O prêmio foi dividido entre Clark, a cientista Michelle Divoritt e o ex-aluno John Martinis, ambos com forte laço acadêmico com a UC Santa Bárbara e grandes contribuições na área quântica. Divoritt, atualmente cientista-chefe no Google Quantum AI, e Martinis, ex-líder de hardware da mesma equipe, têm sido fundamentais na implementação prática das teorias desenvolvidas por Clark.
O presidente da Universidade da Califórnia, James B. Milliken, enfatizou a relevância da pesquisa de Clark, destacando que “suas descobertas abriram as portas para uma nova era de tecnologia quântica que promete transformar a medicina, a segurança cibernética e muito mais”. O chamado “novo paradigma” da tecnologia quântica se alinha a inovações que podem impactar profundamente a sociedade.
Durante a coletiva, Clark não hesitou em abordar uma preocupação crítica: o financiamento da pesquisa. Ele ressaltou a importância do apoio financeiro do laboratório nacional de Livermore, que sustentou grande parte de suas iniciativas. Clark alertou que cortes orçamentários, como os previstos pela administração anterior, poderiam atrasar o progresso científico por anos. “Se o apoio continuar a diminuir, a ciência terá um grandioso retrocesso. Isso não é apenas um problema para os cientistas, mas para a sociedade como um todo”, disse.
A importância e as aplicações práticas dos estudos em física quântica podem não ser imediatamente visíveis, mas Clark traçou um paralelo com a descoberta da ressonância magnética, que também levou tempo para mostrar seu potencial. “A ciência básica é o primeiro passo para inovações incríveis. É essencial para o futuro”, expressou Clark, enfatizando a imprevisibilidade e o poder do conhecimento científico.
Em contraste com os desafios enfrentados, o presidente Donald Trump havia, recentemente, aumentado o orçamento do laboratório em 16%. Contudo, a crítica persiste: cerca de 90% da verba do laboratório foi alocada para pesquisas nucleares, deixando de lado áreas promissoras, como energias renováveis. “Isso só reforça a necessidade de voltarmos nossa atenção para a pesquisa civil e para o futuro”, alertou Clark.
O anúncio do Nobel veio em um momento oportuno, com o governo da Califórnia investindo para assegurar a liderança do estado em tecnologia quântica. O chanceler da UC Berkeley, Rich Lyons, entusiasmado, afirmou: “A crescente relevância desta ciência é emocionante e suas potenciais aplicações são infinitas, abrangendo desde a proteção cibernética até novas descobertas médicas”.
Histórico de honras à UC Berkeley
O Prêmio Nobel de Física deste ano marca a 622ª vez em que um professor ou um ex-aluno de Berkeley foi agraciado com este prestigiado prémio. Clark é o quarto a receber este reconhecimento nos últimos cinco anos, seguindo os passos de Jennifer Doudna, premiada em 2021.
Em sua pesquisa, Clark, Divoritt e Martinis foram reconhecidos pelo Comitê do Nobel por seu trabalho em “tunelamento quântico macroscópico e quantização de energia em circuitos elétricos”, abordagens que estão na vanguarda da ciência. Tais avanços podem dar origem a uma nova era na tecnologia quântica, com aplicações que hoje já se refletem em áreas como comunicação avançada e desenvolvimento de novos fármacos.
Nascido na Inglaterra e graduado pela Universidade de Cambridge, John Clark fez sua pós-graduação na UC Berkeley e rapidamente se tornou um nome de destaque na academia. Suas pesquisas começaram a partir de conversas informais com Divoritt e Martinis, resultando no desenvolvimento de circuitos quânticos que são a base para muitos computadores quânticos modernos.
“Sem essa descoberta, não teríamos a tecnologia que temos hoje, como o iPhone, nem existiríamos em um cenário que permite a computação quântica como a conhecemos”, afirmou Clark.
A celebração do Prêmio Nobel de John Clark simboliza não apenas seu extraordinário trabalho, mas também uma promessa de um futuro emocionante para a física quântica. À medida que as pesquisas continuam a impulsionar revoluções tecnológicas, o impacto de suas contribuições será sentido por várias gerações.
Imagem: Redação
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