Energia Renovável Supera Carvão pela Primeira Vez em Nível Global
Um marco significativo foi alcançado na transição energética mundial. No primeiro semestre de 2025, as fontes de energia renovável superaram pela primeira vez a geração de eletricidade proveniente do carvão globalmente. Este avanço, descrito como um “ponto de inflexão crucial” por especialistas, é atribuído principalmente ao crescimento acelerado da energia solar e eólica na China e na Índia, conforme revela um relatório do think tank Ember.
De acordo com a pesquisa, a participação das energias renováveis na matriz elétrica global atingiu 34,3% no primeiro semestre de 2025, enquanto a contribuição do carvão caiu para 33,1%. O gás natural, por outro lado, manteve sua participação em 23%. Esses dados refletem uma mudança significativa, destacando o crescimento robusto da energia limpa em detrimento dos combustíveis fósseis.
A contribuição das energias renováveis para o fornecimento de eletricidade totalizou impressionantes 5.072 terawatts-hora (TWh) entre janeiro e junho, superando os 4.896 TWh gerados pelo carvão. Esse cenário evidencia não somente a crescente demanda por energia limpa, mas também a necessidade urgente de descarbonizar o setor energético para atender às metas climáticas globais.
O relatório da Ember enfatiza a importância de limitar a dependência do carvão, que emite aproximadamente o dobro do dióxido de carbono em comparação com a geração de energia a partir do gás natural. Especialistas consideram essa redução essencial para que o planeta consiga alcançar os objetivos estabelecidos pelas conferências climáticas internacionais.
Małgorzata Wiatros-Motyka, analista sênior da Ember, destacou a importância desse momento, afirmando que “estamos observando os primeiros sinais de um ponto de inflexão crucial”. A rapidez com que a energia solar e eólica estão crescendo se mostra fundamental para suprir o aumento na demanda global por eletricidade, que aumentou 2,6%, ou 369 TWh, em relação ao mesmo período de 2024.
Os dados do relatório indicam uma predominante contribuição da China e da Índia na transição energética. A China, que é o maior consumidor de eletricidade do mundo, conseguiu reduzir a geração de combustíveis fósseis em 2%, enquanto sua produção de energia a partir de fontes solares e eólicas expandiu 43% e 16%, respectivamente.
Por sua vez, a Índia registrou aumentos notáveis de 29% na geração de energia eólica e de 31% na solar, o que resultou em uma diminuição do uso de carvão e gás em 3,1%. O papel destes países emergentes na liderança da agenda de energias renováveis ressalta uma mudança de paradigma nas matrizes energéticas globais.
Entretanto, o panorama não é uniforme. Nos Estados Unidos e na União Europeia, houve um retrocesso na geração de energia a partir de fontes renováveis. A demanda crescente e a produção reduzida de energia eólica e hidrelétrica resultaram em uma maior dependência do carvão e do gás. Nos EUA, a geração de eletricidade a partir do carvão aumentou em 17%, enquanto a produção a gás caiu 3,9%. Na União Europeia, a energia gerada a partir de gás cresceu 14%, e a do carvão, 1,1%.
Este retrocesso é preocupante, especialmente em um contexto em que a liderança climática é tão fundamental. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cujas políticas têm sido criticadas por favorecer a produção de carvão, adotou medidas que instigam um aumento na geração desse combustível fóssil, revertendo progressos anteriores na luta contra as mudanças climáticas.
A ampliação das energias renováveis representa uma esperança renovada para um futuro mais sustentável. Contudo, o retrocesso observado em outras regiões do mundo serve como um alerta de que a transição energética global ainda enfrenta desafios significativos. A colaboração entre países e a determinação em investir em fontes limpas e sustentáveis devem ser aprimoradas, para garantir que a tendência observada no início de 2025 progreda de forma consistente e irreversível.
Com essa mudança paradigmática, a urgência em manter o foco nas energias renováveis se torna cada vez mais evidente. A energia limpa não é apenas uma opção, mas uma necessidade vital para assegurar um futuro sustentável para as próximas gerações.
Imagem Redação
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