Governo do Estado lança novos exames para detecção de metanol em bebidas
O Ministério da Saúde do Rio Grande do Sul anunciou importantes avanços no combate a intoxicações por metanol, uma substância relacionada a grave risco à saúde pública. O Centro de Informação Toxicológica do Estado (CIT), vinculado ao Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), está preparando a implementação de exames laboratoriais que permitirão a identificação dessa substância em casos suspeitos. Essa iniciativa representa um marco na resposta do estado diante da crescente preocupação com os efeitos adversos do metanol no consumo de bebidas alcoólicas.
A equipe técnica do CIT está atualmente finalizando a padronização e testes de equipamentos, após a aquisição de insumos específicos para a análise. Espera-se que os primeiros exames sejam realizados já na próxima semana. Atualmente, essa análise é realizada pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP), que continuará a oferecer suporte técnico ao CIT, garantindo a eficácia na aplicação da nova metodologia.
Com essa nova estrutura, o Rio Grande do Sul se tornará um dos poucos estados brasileiros a dispor de capacidade própria para o diagnóstico de metanol. A secretária da Saúde, Arita Bergmann, enfatizou a experiência da equipe em análises toxicológicas e reafirmou o compromisso do estado em se tornar referência nesse tipo de atendimento, priorizando a segurança da população.
Além da ampliação dos exames, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) está realizando um importante levantamento sobre os estoques de etanol farmacêutico disponível nas instituições de saúde. Este insumo é fundamental para o tratamento de intoxicações por metanol. Ademais, aguarda-se a chegada de um antídoto específico que está sendo adquirido pelo Ministério da Saúde de fornecedores internacionais, o que deve reforçar ainda mais a capacidade de resposta do estado.
Neste contexto, o CIT assume o papel central no acompanhamento das notificações de casos suspeitos, que podem ser realizadas pelos serviços de saúde. A entidade conta com uma linha telefônica 0800-7213000, disponível 24 horas, onde profissionais da saúde terão à disposição apoio no diagnóstico e orientações sobre o tratamento necessário, destacando a importância da comunicação rápida e eficaz.
Até o momento, o estado já registrou dois casos suspeitos de intoxicação por metanol. Um deles envolve um homem de 38 anos, residente em Porto Alegre, que recebeu alta após atendimento no Hospital de Pronto-Socorro e continua sob investigação laboratorial. O segundo caso foi confirmado recentemente pelo Ministério da Saúde. Em contrapartida, um terceiro caso, registrado em Santa Maria, foi descartado após análise.
O paciente de Porto Alegre guardou parte da bebida ingerida, uma cachaça suspeita de contaminação por metanol, que será enviada ao IGP para análise. A confirmação da presença do metanol exigirá um rastreamento da origem da bebida, envolvendo lote e ponto de venda, responsabilidade que recairá sobre a Vigilância Sanitária Municipal, em colaboração com o estado.
Na busca por manter a segurança da população, o governo do Estado constituiu um comitê intersecretarial, reunindo especialistas das secretarias da Saúde, Segurança e Agricultura, além de representantes do Samu, Cevs, Polícia Civil, Brigada Militar e IGP. O objetivo é acompanhar e gerenciar potenciais casos de bebidas contaminadas.
Uma reunião está agendada para acontecer nesta terça-feira, onde os membros do comitê discutirão a emissão de uma nota informativa conjunta. Esse documento servirá para orientar municípios e serviços de saúde em relação a procedimentos adequados em casos suspeitos, promovendo uma atuação coletiva e eficiente.
O metanol, substância frequentemente utilizada em solventes e produtos químicos, é altamente tóxico e pode causar sérios danos à saúde, incluindo lesões no fígado, no cérebro e no nervo óptico, resultando em riscos de cegueira, coma e até morte. O Ministério da Saúde reitera a importância de manter vigilância constante e sugere algumas ações a serem tomadas em casos suspeitos de intoxicação.
Os principais sintomas, que podem surgir entre 12 e 24 horas após a ingestão de metanol, incluem dor abdominal, visão alterada, confusão mental e náuseas. Esses sinais podem ser facilmente confundidos com os de uma ressaca comum, por isso é crucial procurar atendimento médico imediato ao identificá-los.
Ao chegar a uma unidade de emergência, é essencial fornecer informações detalhadas sobre a ingestão, como o tipo de bebida, a situação em que ocorreu (festa, bar, etc.), a presença de rótulo na embalagem e o horário da ingestão. Essas informações são fundamentais para um diagnóstico preciso e um tratamento eficaz.
A expansão das capacidades do CIT e as medidas de prevenção e diagnóstico buscam proteger a saúde da população e assegurar a identificação rápida de casos de intoxicação por metanol. Essa é uma ação vital em um momento em que a segurança alimentar e a saúde pública se tornam cada vez mais prioritárias.
Imagem Redação
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