Pesquisa Inovadora da UFPA Cria Azeite de Açaí com Potencial Gastronômico e Cosmético
Pesquisadores do Laboratório de Tecnologia Supercrítica (Labtecs), da Universidade Federal do Pará (UFPA), apresentaram uma inovação significativa: um azeite extraído da polpa do açaí. Este projeto, apoiado pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica (Sectet), utiliza uma abordagem limpa e sustentável. O azeite resultante é notável por sua alta pureza, livre de solventes químicos, e mantém intactos os compostos bioativos presentes na fruta.
O azeite de açaí se destaca por ser rico em ácidos graxos mono e poli-insaturados, conhecidos como “gorduras boas”. Esses componentes são fundamentais para a promoção da saúde cardiovascular e para o equilíbrio do metabolismo. Além disso, a concentração de antioxidantes presente no produto é impressionante: aproximadamente 33 vezes maior do que a encontrada na uva, o que pode auxiliar no controle dos níveis de colesterol.
Com um uso potencial que vai além da gastronomia, particularmente em saladas e pratos frios, este azeite também se mostra promissor para a indústria cosmética. Sua formulação permite a incorporação em diversos produtos, como shampoos, cremes, hidratantes e sabonetes, ampliando as possibilidades de aplicação do açaí.
A Sustentabilidade em Foco
O projeto do azeite de açaí não apenas prioriza a criação de um novo produto, mas também busca mitigar o descarte excessivo de resíduos na cadeia produtiva do açaí. É alarmante que atualmente, cerca de 83% do fruto seja descartado após a extração da polpa. A introdução do azeite visa fomentar a valorização desse resíduo, gerando novas oportunidades econômicas e promovendo a sustentabilidade em uma das regiões mais ricas em biodiversidade do mundo.
“O azeite de açaí é um exemplo claro de como a ciência pode agregar valor ao nosso patrimônio natural. Utilizando uma tecnologia limpa e inovadora, conseguimos criar um produto de alta pureza que oferece amplas oportunidades tanto no setor gastronômico quanto no cosmético. Além de promover a saúde, essa iniciativa também fortalece a sustentabilidade da cadeia do açaí e dinamiza a bioeconomia na região. Nossa meta agora é inserir o produto no mercado e maximizar seu impacto positivo na Amazônia”, enfatiza Raul Costa, professor e coordenador do Labtecs.
A extração do azeite é realizada através de processos físicos, sem o uso de solventes químicos, preservando assim as propriedades naturais da fruta. Embora o azeite de oliva seja mais conhecido, o mesmo princípio se aplica ao açaí, quando este é extraído por prensagem mecânica ou por tecnologia supercrítica, ambos métodos respeitosos ao meio ambiente.
Assim como o azeite de oliva, o azeite de açaí pode ser classificado como virgem ou extra virgem, dependendo de sua acidez e pureza sensorial. Vale ressaltar que no Brasil, a utilização do termo “azeite” é regulamentada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), garantindo a qualidade do produto.
A inovação implementada no Labtecs envolve uma tecnologia que utiliza dióxido de carbono em estado supercrítico, uma forma que combina características de gás e líquido. Esse método oferece uma eficiência superior na extração de substâncias, sem a necessidade de solventes tóxicos. Sua aplicação é diversificada, abrangendo as indústrias alimentícia, cosmética, farmacêutica e ambiental, sendo também usada, por exemplo, na descafeinação do café. Entre suas principais vantagens estão a preservação das propriedades nutricionais e a redução dos impactos ambientais.
Esta pesquisa não apenas representa um avanço significativo para a ciência e a tecnologia, mas também traz a esperança de um futuro mais sustentável, onde a biodiversidade amazônica é valorizada e as oportunidades econômicas são ampliadas. A expectativa agora é que o azeite de açaí ganhe espaço no mercado, promovendo saúde e sustentabilidade.
Imagem Redação
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