Crescimento do Uso da Inteligência Artificial Entre Professores Brasileiros
Um recente levantamento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revela que 56% dos professores brasileiros estão utilizando ferramentas de inteligência artificial (IA) em suas práticas pedagógicas. Esse percentual é impressionante, uma vez que supera em 20 pontos percentuais a média registrada entre os países membros da OCDE, um grupo considerado economicamente desenvolvido.
Os dados foram coletados por meio da Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (Talis), que inclui insights de docentes de diversas nações, permitindo uma comparação valiosa sobre as tendências educacionais. O Brasil destaca-se nesta pesquisa, participando como convidado ao lado de outras nações latino-americanas, como Colômbia e Chile.
O estudo Talis também fornece informações ricas sobre como os professores estão integrando a tecnologia em suas aulas. A maior parte dos docentes (77%) utiliza a IA para elaborar planos de aula e criar atividades diversificadas para os alunos. Além disso, 64% recorrem a essas ferramentas para ajustar a complexidade dos materiais didáticos, personalizando o aprendizado de acordo com as necessidades de cada aluno. A capacidade de aprender e resumir tópicos de forma eficiente também é aproveitada por 63% dos professores, evidenciando o valor da IA na evolução do ensino.
Por outro lado, a pesquisa aponta que há um uso menos frequente de IA em outros aspectos, como a análise de dados de desempenho dos alunos (42%), a geração de textos para feedback (39%) e a avaliação de trabalhos (36%). Esses dados indicam que, embora a adoção de IA esteja em ascensão, existem ainda áreas em que sua implementação pode ser aprimorada.
Adicionalmente, a pesquisa Talis revelou que 64% dos professores que não usaram IA nos últimos 12 meses alegam não ter o conhecimento ou as habilidades necessárias para utilizá-la — um índice abaixo da média da OCDE, que é de 75%. Outro dado relevante é que 60% dos docentes afirmam que suas instituições não possuem a infraestrutura adequada para empregar essa tecnologia, superando a média da OCDE, que é de 37%. Esses desafios representam uma barreira significativa para a modernização do ensino, exigindo atenção e investimento das autoridades educacionais.
Recentemente, o Conselho Nacional de Educação (CNE) manifestou-se sobre a necessidade de incluir o ensino de Inteligência Artificial nos currículos de formação de professores. Essa mudança visa preparar os futuros educadores para enfrentar os desafios que a tecnologia impõe no ambiente escolar. O objetivo é que esses profissionais já cheguem às salas de aula com competências que os capacitem a integrar a IA de maneira eficaz no processo educativo.
Celso Niskier, relator do parecer para a educação superior, enfatiza que o intuito vai além do ensino meramente teórico sobre IA. A proposta é capacitar os educadores a utilizar a tecnologia para potencializar a aprendizagem dos alunos nas mais diversas disciplinas, contribuindo para uma formação mais completa e adequada às demandas do século XXI.
A pesquisa Talis é reconhecida como a maior investigação internacional focada em professores e diretores de escolas. Desde sua primeira edição, em 2008, ela tem se mostrado uma ferramenta valiosa para captar informações sobre diferentes aspectos relacionados ao ensino, como a demografia dos educadores, suas práticas profissionais e as características das instituições de ensino.
Além disso, os docentes participam de questionários que abrangem sua carga horária, formação profissional, modalidades de contrato e até mesmo suas percepções sobre o clima escolar, satisfação no trabalho e planos de carreira. Esses aspectos são cruciais para compreender melhor as condições de trabalho e os desafios enfrentados pelo corpo docente, permitindo que políticas educacionais mais eficazes sejam desenvolvidas.
À medida que a educação evolui, a importância da integração de novas tecnologias se torna cada vez mais evidente. A utilização de inteligência artificial é uma tendência que não pode ser ignorada, e o Brasil parece estar trilhando um caminho promissor, repleto de possibilidades. Entretanto, é fundamental que esforços sejam feitos para garantir a capacitação adequada dos professores e a infraestrutura necessária. Assim, será possível transformar o cenário educacional, preparando os alunos para um futuro que exige maior adaptabilidade e inovação.
Imagem Redação
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