Mobilização em Massa para Implementação da BNCC Computação Fica em Jogo
Uma nova fase na educação brasileira está prestes a começar, impulsionada pela determinação do Ministério da Educação (MEC) em implementar a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) Computação. Com a meta de começar a aplicar esse documento essencial, que estabelece habilidades digitais para alunos desde a educação infantil até o ensino médio, em 2026, mais de 40% dos municípios ainda não deram os passos necessários. A partir de 2024, somente aqueles que cumprirem os requisitos estabelecidos receberão uma fatia de R$ 5,4 bilhões do recurso federal.
A BNCC Computação é uma ferramenta vital que define as competências que os alunos devem dominar a cada ano letivo, organizadas em três eixos principais: cultura digital, explicando o uso responsável da tecnologia; mundo digital, que aborda funcionamento da internet e componentes de hardware e software; e pensamento computacional, que desenvolve habilidades como decomposição de problemas e reconhecimento de padrões. Sem a adoção eficaz deste documento, muitos estados correm o risco de ficar para trás no cenário educacional.
Na educação infantil, por exemplo, as crianças devem ser introduzidas à tecnologia de maneira simples, aprendendo a reconhecer dispositivos eletrônicos. Os estudantes do 6º ano, por sua vez, devem iniciar a construção de soluções para problemas usando técnicas de decomposição, que são fundamentais para a programação. Os alunos do ensino médio, por outro lado, precisam compreender os conceitos fundamentais de inteligência artificial, comparando-a à inteligência humana. Esse avanço é crucial, considerando que o mundo digital já faz parte integral do cotidiano.
Lia Glaz, diretora-presidente da Fundação Telefônica Vivo, destaca a importância de ensinar não apenas o uso da tecnologia, mas também os conceitos subjacentes que a sustentam. Em um mundo onde a tecnologia permeia cada aspecto da vida, é vital que os estudantes adquiram um conhecimento profundo e estruturado, preparando-os para lidar com os desafios do futuro. Essa decisão do MEC en busca de uma educação mais contundente não pode ser subestimada.
Embora a BNCC Computação tenha sido homologada em 2022, poucos estados e municípios conseguiram implementar as diretrizes. Um levantamento realizado pela Fundação Telefônica Vivo revelou que, até 2024, apenas duas redes estaduais haviam adotado as habilidades necessárias em seus currículos, representando um progresso insatisfatório até o momento. Essa realidade evidencia a urgência de um esforço conjunto para garantir que as escolas se adequem às novas exigências.
O Movimento pela Base ressalta que, apesar de a computação ser abordada nos referenciais estaduais, ainda faltam diretrizes claras para sua integração às demais disciplinas. Uma exceção notável é o estado do Espírito Santo, que já recebeu a aprovação do Conselho Estadual de Educação e está ajudando os municípios na aplicação das novas diretrizes.
Glaz enfatiza que o atraso na implementação é, em parte, resultado do lançamento tardio da BNCC Computação em relação ao restante da BNCC, que já estabelecia as habilidades de outras disciplinas. A complexidade do tema requer uma formação especializada para capacitar professores a ensinar efetivamente estas novas competências aos alunos. A mudança desse paradigma educacional demanda tempo, planejamento e um forte suporte técnico.
Um aspecto paliativo que pode acelerar essa implementação é o vínculo entre a liberação de recursos federais e a adoção da BNCC Computação. A partir de 2025, o Valor Aluno Ano Resultado (VAAR), parte do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), será liberado apenas para as redes de ensino que cumprirem os requisitos estabelecidos, oferecendo uma motivação adicional para a rápida adaptação.
O ministro da Educação destaca que fortalecer a educação digital é um passo essencial para proteger as novas gerações. O MEC oferece suporte técnico às redes estaduais, focando na atualização dos currículos e na formação docente, essencial para que os novos conceitos sejam não apenas introduzidos, mas integrados de forma eficaz ao dia a dia escolar.
A necessidade de capacitação docente é evidente. Seja por meio de uma disciplina específica ou de uma abordagem transversal, onde as habilidades da BNCC Computação são integradas com outras áreas de conhecimento, as redes devem assegurar que os professores estejam preparados para transmitir esse novo conteúdo de forma eficiente e significativa.
Assim, a luta pela implementação da BNCC Computação vai além da simples adoção de um documento; trata-se de um esforço coletivo que moldará a educação do país. Em um mundo que não para de evoluir, é urgente preparar as novas gerações para serem não apenas consumidores de tecnologia, mas também criadores e críticos. A educação do futuro começa agora.
Imagem Redação
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