A Educação no Brasil: Reflexões Sobre Passado, Presente e Futuro
Recentemente, a Academia Brasileira de Letras teve a honra de receber o renomado Antônio Gois, filho do consagrado jornalista Ancelmo Gois, em sua programação cultural. Durante sua palestra, intitulada “Passado, Presente e Futuro da Educação”, Gois destacou a necessidade de reconsiderar a forma como a educação brasileira é percebida historicamente. Ele pontuou que a idealização do passado muitas vezes distorce a compreensão crítica do que é, de fato, a educação no Brasil contemporâneo.
O orador citou a primeira promessa não cumprida na educação brasileira, que remonta a 1822, com Dom Pedro I. Esta falha histórica, segundo Gois, pavejou o caminho para uma longa lista de promessas não cumpridas, especialmente no que diz respeito à alfabetização. “Sonhamos com um sistema educacional que seja verdadeiramente público e acessível a todos, mas estamos consideravelmente atrasados nesse processo”, afirmou, enfatizando a urgência de ações efetivas.
Na sua análise do desenvolvimento educacional, Gois mencionou a criação da primeira escola de formação de professores em Niterói, que, apesar de seu potencial, não gerou continuidade nas práticas pedagógicas. A precariedade do apoio financeiro ao longo da história sempre limitou a expansão da educação de qualidade. O crescimento da cultura do café, que poderia ter incentivado a capacitação de docentes, resultou, na verdade, em um cenário de exclusão massiva. “A educação pública de qualidade continua sendo um sonho distante”, lamentou.
O palestrante também abordou as reformas educacionais do ministro Gustavo Capanema durante a Era Vargas, destacando que, embora o ensino pré-vocacional tenha sido destinado às classes menos favorecidas, o sistema falhou em alcançar seus objetivos principais. “Os mais pobres são as verdadeiras vítimas de uma educação deficiente que ainda gera analfabetos funcionais”, declarou, evidenciando a urgência da reestruturação educacional no país.
Pensando no futuro, Gois propôs que não podemos simplesmente confiar em soluções tecnológicas para resolver as questões educacionais. “É essencial que cultivemos a criatividade no ensino e incentivemos a formação técnica e profissional, promovendo uma educação crítica e capaz de enfrentar problemas complexos”, disse. Ele enfatizou que a educação do futuro precisa ser mais do que apenas uma canalização de informações; deve capacitar os alunos a atuar como pensadores críticos.
O impacto crescente da inteligência artificial também foi um ponto focal da palestra. Gois alertou que a automação já começa a tomar empregos em diversas áreas, mudando radicalmente o cenário laboral. “A inteligência artificial generativa está transformando nossa interação com o cotidiano, criando um mundo tridimensional à nossa disposição”, comentou.
Além disso, ele trouxe à tona a possibilidade de que novas startups, até mesmo bilionárias, possam surgir com um único fundador utilizando agentes de inteligência artificial. Essa evolução promete uma nova era em que a colaboração entre humanos e máquinas será fundamental para otimizar o desempenho das organizações.
Ao final de sua palestra, Gois propôs uma redefinição do que significa ser inteligente. Para ele, inteligência vai além da mera capacidade cognitiva; deve englobar a emoção e a habilidade de formar relacionamentos, uma preocupação que é particularmente relevante na maneira como lidamos com nações como a China no cenário globalizado.
As considerações de Antônio Gois nos convidam a refletir sobre o papel da educação em nossas vidas e o quanto ainda precisamos avançar para garantir um futuro mais justo e igualitário para todos. É fundamental que a sociedade civil, os formuladores de políticas e, principalmente, os educadores se unam em prol de uma reformulação que promova uma educação de alta qualidade acessível, equitativa e capaz de moldar cidadãos críticos e preparados para os desafios do século XXI.
Imagem Redação
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