Estudantes de Belo Horizonte Lutam contra Militarização nas Escolas
Estudantes da Escola Estadual Presidente Dutra, localizada no bairro Horto Florestal, em Belo Horizonte, se mobilizaram contra a recente adesão da instituição ao sistema cívico-militar. Em um vídeo amplamente compartilhado nas redes sociais, jovens de diversas idades expressam suas preocupações em relação ao modelo educacional, questionando se a presença de figuras de autoridade pode invadir os limites da educação.
Questionamentos Diretos sobre Educação e Autoridade
Em uma manifestação impactante, os alunos formaram uma fila na quadra poliesportiva e entoaram a famosa canção “Marcha soldado, cabeça de papel”, exibindo cartazes que indagam: “Na visão do governo estadual, somos estudantes ou criminosos?”. Este questionamento expõe um debate crítico sobre a administração cívico-militar e suas implicações para o ambiente escolar.
Clamor por Educação Libertadora e Autonomia
“Quem educa são professores ou generais?”, questionam os estudantes. Afirmam ainda que “Não se faz pedagogia com medo”, clamando por uma “educação libertadora” e por “autonomia de ensino”. As mensagens são um chamado claro por um modelo educacional que respeite a liberdade e o aprendizado.
A Escola que Promove Inclusão e Respeito
A escola, por sua vez, destaca várias iniciativas que promovem a inclusão e o respeito às diversidades, abordando temas cruciais como letramento racial, saúde mental e respeito à comunidade LGBTQIA+. Este compromisso contrasta diretamente com a visão militarizada proposta pelo governo.
Suspensão do Processo de Consulta à Comunidade Educacional
O governo de Minas Gerais iniciou assembleias para consultar a comunidade escolar de 728 instituições sobre a adesão ao novo modelo, mas na segunda-feira (14), o governador Romeu Zema suspendeu o processo, alegando baixa participação dos pais devido ao período de férias. A interrupção ocorreu após duas semanas de consultas, que deveriam ser concluídas nesta sexta-feira (18).
Justificativas do Governo para a Militarização nas Escolas
O governador defende a inclusão do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar nas escolas, afirmando que essa medida seria uma “proposta inovadora” para fortalecer a educação pública e promover a cultura de paz. A Secretaria de Educação argumenta que a presença militar proporcionaria um ambiente “mais seguro e acolhedor”.
Dados Questionáveis e Críticas de Especialistas
A Secretaria também apresenta dados sugerindo uma redução na taxa de abandono escolar em escolas que adotaram o modelo cívico-militar. Contudo, especialistas da educação, incluindo o Fórum Estadual Permanente de Educação de Minas Gerais (FEPEMG), já manifestaram fortes críticas, apontando que a militarização não resolve os desafios sociais subjacentes, como desemprego e falta de políticas sociais.
Denúncias de Violência e Falta de Formação
Relatórios do FEPEMG alertam sobre a adesão ao modelo sob pressão e falta de transparência, além de expor a falta de formação pedagógica dos militares atuando nas escolas. A documentação também denuncia relatos de agressões contra alunos, especialmente aqueles com tratos mentais.
Expansão do Modelo Cívico-Militar em Minas Gerais
Desde 2020, Minas Gerais começou a implementação do modelo cívico-militar em nove escolas. No entanto, a Secretaria de Educação assegura que a adesão ao modelo ainda dependerá de uma análise técnica, e não ocorrerá automaticamente após a consulta pública.
Aguardando Respostas da Secretaria de Educação
Por fim, a Agência Brasil busca esclarecimentos da Secretaria de Educação sobre como as melhorias de desempenho escolar podem ser atribuídas exclusivamente ao novo sistema, desconsiderando outros fatores. A resposta ainda está pendente.
Imagem Redação
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