Insegurança no Centro de Florianópolis Leva Comerciantes a Fechar suas Portas
O Centro de Florianópolis enfrenta um cenário alarmante de insegurança, que tem forçado muitos empresários a encurtar seus horários de funcionamento e, em casos extremos, a abandonar pontos tradicionais de venda. As ruas, antes repletas de movimento, agora se encontram desertas, especialmente nas proximidades da rua Francisco Tolentino, que se tornaram foco de preocupações para os comerciantes locais.
Comerciais relatam que o aumento de furtos e a presença constante de pessoas em situação de rua são os principais motivos de apreensão. A falta de policiamento ostensivo contribui para um clima de medo que, repetidamente, leva esses profissionais a buscar alternativas de segurança, incluindo a contratação de segurança privada e a implementação de sistemas de monitoramento.
Danieli Piccini, que atua no mercado da família há pouco mais de um ano, compartilha sua apreensão ao afirmar: “Nosso maior problema hoje são os furtos. Eles têm se tornado cada vez mais frequentes, especialmente envolvendo moradores de rua.” A comerciante destaca que, em média, cada dia ainda apresenta pelo menos um caso de furto, mesmo com os esforços para mitigar essa situação.
Para lidar com essa realidade, Piccini investiu em tecnologia, integrando uma Inteligência Artificial às câmeras de segurança. Esse sistema identifica movimentos suspeitos e emite alertas em menos de 15 segundos, permitindo uma resposta mais ágil e eficaz. Apesar dos avanços, o receio persiste. Em uma situação perturbadora, a comerciante encontrou facas em uma mochila de um frequentador, o que elevou ainda mais sua preocupação com a segurança pessoal e da equipe.
Irivaldo Schappo, conhecido como Dido, compartilha a sensação de abandono que permeia o local. Ele, que cresceu na área devido ao envolvimento do pai com o comércio, observa uma mudança drástica no perfil dos frequentadores: “Nunca vi tantos andarilhos em Florianópolis como ultimamente.” Ele clama por uma maior presença de policiamento, ressaltando que a Guarda Municipal raramente está visível durante o dia, o que potencializa a sensação de insegurança na comunidade.
Stela Maris Goulart Colombi, que possui uma loja na região há um ano e meio, também sente os impactos negativos da situação. “Se nos sentíssemos mais seguros, poderíamos expandir nosso horário de atendimento. Porém, todos na área fecham por volta das 18h.” Ela menciona um caso recente em que sua loja sofreu um grande prejuízo devido a danos causados por tentativas de roubo, reiterando que muitos colegas enfrentaram situações semelhantes.
Em resposta ao aumento de queixas, a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Florianópolis tem buscado soluções em parceria com comerciantes e autoridades. Eduardo Koerich, presidente da CDL, destaca a instalação de câmeras de segurança em 65 imóveis, uma medida colaborativa para combater os furtos na região. “Estamos introduzindo ações, como o uso de bicicletas elétricas pela equipe da Ordem Pública, para aumentar a segurança,” revela.
A questão da população em situação de rua também é um tema abordado por Aldonei Brito, presidente do Conselho de Segurança (Conseg). Ele aponta que muitos indivíduos que se encontram nesse estado têm problemas de dependência química e outras condições que agravam a situação. A solução, segundo Brito, requer uma abordagem mais efetiva das autoridades, mas encontra barreiras nas leis brasileiras, que muitas vezes resultam na rápida soltura de infratores após a prisão.
Enquanto isso, a Polícia Militar afirma que os índices de criminalidade, especificamente os furtos em comércios do Centro, apresentaram uma redução de 15% em comparação ao ano anterior. O coronel Vidal, comandante do 4º BPM, reconhece que, apesar de estatísticas promissoras, a experiência dos comerciantes revela uma realidade complexa e preocupante.
Na tentativa de reverter o panorama, a Polícia Militar está promovendo uma aproximação mais direta com os lojistas, estabelecendo grupos de rede de vizinhos para melhorar a comunicação e a segurança coletiva. Apesar das iniciativas em curso, as mudanças na dinâmica comercial da cidade também são notáveis. Atualmente, os consumidores estão optando por realizar compras em suas próprias comunidades, o que transforma o papel do Centro e intensifica a luta dos comerciantes que permanecem na região.
A segura solução para revitalizar o comércio e devolver o sentimento de segurança ao Centro de Florianópolis ainda parece distante. No entanto, o clamor por ações eficazes e abrangentes é mais urgente do que nunca.
Imagem Redação
Postar comentário