As Três Irmãs da Rio-92: Um Legado que Precisa Ser Preservado
Recentemente, muitos leitores manifestaram seu interesse em relação às “três irmãs” da Rio-92: clima, biodiversidade e desertificação. A repercussão positiva das colunas anteriores reforça a necessidade de aprofundarmos nossa compreensão sobre estes temas cruciais. Essa conferência, que reuniu 178 nações em 1992, não foi apenas um marco histórico, mas também um ponto de partida para discussões essenciais sobre o meio ambiente.
Notou-se uma confusão em relação às COPs mencionadas, especialmente a COP15 em 2022, realizada em Abidjan, Costa do Marfim. Para esclarecer, a COP27, a Conferência das Partes da UNFCCC, ocorreu no Cairo, Egito, no mesmo ano. Já a COP15, organizada pela UNCCD, focou na desertificação e seca. Essa diferença é fundamental para entender os desdobramentos das convenções.
A metáfora das “três irmãs” revela como cada convenção nasceu da Rio-92, que ficou marcada como o maior evento sobre questões ambientais da época. A terceira irmã, a CDB (Convenção sobre Diversidade Biológica), se junta às duas outras irmãs, UNFCCC e UNCCD, cada uma com suas dinâmicas e objetivos próprios dentro da estrutura da ONU. É vital que reconheçamos essas nuances para compreender a profundidade dos debates ambientais que se seguem.
Recentemente, cada uma das três convenções teve seus encontros mais recentes: a UNFCCC se reuniu na COP29 em Baku, Azerbaijão, em 2024, enquanto a UNCCD promoveu a COP16 em Cali, Colômbia, no mesmo ano. Já a CDB realizou sua COP15 em duas etapas mediados pela pandemia em 2021 e 2022, reforçando a relevância da biodiversidade em um mundo cada vez mais afetado por mudanças climáticas.
Uma questão frequente entre os leitores é a nomenclatura correta: Rio-92 ou ECO-92? Ambas as denominações estão corretas. “Rio-92” é o termo oficial, utilizado em documentos da ONU, enquanto “ECO-92” é uma construção popular, especialmente no Brasil, que reflete a conexão emocional da sociedade civil com o evento.
Um dos aspectos mais inspiradores da Rio-92 é o legado de José Lutzenberger, cuja contribuição foi vital para moldar o evento. Lutzenberger, também conhecido carinhosamente como “velho Lutz”, teve um papel central na criação da Agenda 21 e das três convenções da ONU. Sua visão pragmática e seu profundo compromisso com a ecologia são lembrados até hoje, em especial pelo carinho e admiração de sua filha, Lara Lutzenberger, que lidera a Fundação Gaia, criada por ele.
Lara continua a preservar o legado de seu pai, não apenas através do sobrenome, mas também com o empenho em tornar o Rincão Gaia, onde ele viveu seus últimos anos, um espaço de reflexão e resiliência ambiental. Lutzenberger deixou um impacto indelével no movimento ecológico, sendo reconhecido por sua capacidade de unir conhecimento teórico a uma ação prática em defesa da natureza.
O compromisso de Lutzenberger com a preservação ambiental é documentado em diversas obras, incluindo biografias e estudos que retratam sua vida e trabalho. Livros como “Sinfonia Inacabada” e “Manual de Ecologia – Do Jardim ao Poder” servem como testemunhos de sua trajetória e como guias para futuros ambientalistas. A riqueza de suas reflexões e ensinamentos continua a inspirar novas gerações no enfrentamento dos desafios ecológicos contemporâneos.
Estruturar um diálogo contínuo sobre meio ambiente e mudanças climáticas é mais vital do que nunca. As consequências dessas questões impactam não apenas a natureza, mas a vida de todos nós. Portanto, discutir e entender a relevância das convenções estabelecidas na Rio-92 é um passo necessário para tomarmos consciência do nosso papel na preservação do planeta.
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