Especialistas alertam que a autoproteção política aumenta os riscos à democracia.

Ameaças à Democracia: A Blindagem Política no Congresso Nacional

MANAUS – O cenário político brasileiro enfrenta uma grave crise, onde a autoproteção de parlamentares, especialmente da extrema-direita, representa uma séria ameaça à democracia. Propostas como a PEC da Blindagem, que busca anistiar condenados por atos golpistas, e o uso de emendas secretas denunciam um compromisso alarmante com interesses pessoais em detrimento das necessidades da população.

“A autoproteção parlamentar afasta o Congresso da sociedade, gerando uma classe privilegiada, quase uma oligarquia,” observa Paulo Niccoli Ramirez, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP). Essa realidade destaca um descompasso entre o que é decidida no legislativo e as aspirações coletivas, com foco em manter os interesses de um seleto grupo econômico.

Marcelo Seráfico, professor de Ciências Políticas da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), amplia a análise: “Esses parlamentares frequentemente se aliam a grupos como as bancadas da bala, do agro, e, mais recentemente, das Big Techs, moldando suas agendas em função de comprometimentos políticos que vão além do interesse público.” A consequência é uma esdrúxula desconexão com a sociedade que resulta em desinteresse político e apatia entre os eleitores.

O distanciamento promovido por esses representantes é intencional. “Enquanto enchem os olhos da maioria com discursos demagógicos, garantem que as leis que aprovarão sirvam somente a um pequeno grupo,” conclui Seráfico, alertando para a erosão da confiança nas instituições públicas e a criação de relações clientelistas.

Consequências Práticas da “Autorrepresentação”

Ludolf Waldmann Júnior, também da Ufam, observa que esse tipo de autorrepresentação prejudica a participação cidadã. “A política se torna algo distante do cidadão comum, levando a uma falta de participação ativa e a um aumento na apatia política.” O foco em questões de menor relevância, enquanto questões urgentes ficam em segundo plano, exacerba as dificuldades que a população enfrenta diariamente.

Os especialistas confirmam que essa priorização de interesses privados dilui a pauta legislativa. “Leis de caráter moralista dominam as discussões, enquanto questões cruciais para a maioria da população são negligenciadas,” denuncia Seráfico. Essa situação é preocupante, uma vez que o Brasil atravessa desafios significativos que demandam atenção urgente e eficaz.

Orçamento sequestrado e Riscos à Governabilidade

A apropriação do orçamento por meio de emendas parlamentares perpetua a crise política. “Desde a aprovação das emendas obrigatórias em 2015, os efeitos sobre o orçamento e a governabilidade têm sido profundos,” explica Waldmann. Agora, os parlamentares não precisam mais negociar com o Executivo para acessar os recursos, reforçando um sistema que privilegia interesses específicos sobre a coletividade.

Esse novo modelo, segundo Seráfico, compromete a supervisão pública dos recursos. “Esse desequilíbrio institucional é alarmante, e o uso inadequado do orçamento público resulta em gastos sem planejamento que não atendem às necessidades da sociedade.” O uso irresponsável e a falta de transparência em gastos significativos são preocupações centrais dentre os acadêmicos.

Nesse contexto, Paulo Ramirez declara que “obras que deveriam ser de interesse público muitas vezes servem apenas a interesses privados. Isso gera um mal uso dos recursos públicos e uma degradação das condições de vida dos mais pobres.”

A Tensão entre os Poderes

A relação conflituosa entre Congressistas, Executivo e Judiciário aumenta os riscos à democracia. “Quando o Congresso busca auto-blindagem, isso configura uma ameaça à estrutura democrática do Brasil e pode resultar em um regime mais autocrático,” alerta Ramirez. A fragilidade do equilíbrio entre os Poderes é um tema recorrente entre os estudiosos.

A tática de deslegitimar instituições democráticas, conforme sugere Waldmann, visa corroer a confiança do público. “O autoritarismo atual se constrói lentamente, corroendo as instituições e deslegitimando seus papéis. Isso propicia a ascensão de regimes autoritários.” Para ele, as ações dos parlamentares comprometem a essência da democracia.

A frustração popular com as instituições, conforme acrescenta Marcelo Seráfico, permite que setores extremistas acusem legitimamente os outros Poderes de atuação arbitrária. “Essa estratégia não é casual; é um esforço concentrado para desacreditar as instituições democráticas.”

Um Olhar Crítico sobre o Bolsonarismo

O impacto da postura bolsonarista no cenário democrático é unânime entre os especialistas. A retórica da extrema-direita impulsiona uma aversão a um debate mais plural. “Esses grupos consideram inimigos todos que não compartilham suas crenças, o que resulta em uma intolerância que mina a convivência democrática,” explica Waldmann.

Para Marcelo Seráfico, a extrema-direita não apenas ameaça as instituições, mas utiliza a própria democracia para avançar em sua supressão. “Ela representa um gravíssimo risco, ao mesmo tempo que mobiliza a população para o fim da democracia diante da frustração com as instituições.”

A recente proposta de PEC da Blindagem, que pretendia modificar as regras de responsabilização de parlamentares, gerou novos protestos sociais e foi rejeitada pelo Senado. A pressão popular revela a importância da participação cidadã na defesa da democracia. Enquanto isso, a proposta de anistia a condenados por atos antidemocráticos continua sendo discutida, simbolizando um desafio constante na preservação da ordem democrática no Brasil.


Imagem Redação

Abilenio Sued

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