Avanços da Inteligência Artificial na Saúde: Urgência e Impacto em Tempos de Mudança
A inteligência artificial (IA) tem emergido como uma força transformadora no campo da saúde, revolucionando produtos e serviços, desde diagnósticos até o monitoramento contínuo de pacientes. No mais recente Healthcare Innovation Show (HIS), o maior evento de inovação em saúde da América Latina, médicos, especialistas e líderes do setor se reuniram para discutir as direções que a tecnologia tomará nos próximos anos.
Um exemplo notável da aplicação efetiva da IA é a experiência da Prevent Senior, uma instituição que já incorporou soluções digitais em seus fluxos clínicos. Fabrício Machado, diretor de Inovação da Prevent Senior, compartilhou como essas inovações têm reduzido o tempo de diagnóstico, permitindo a identificação antecipada de riscos críticos. Durante sua apresentação no palco “Cuidado Digital e Humanizado | Gestão Clínica”, ele destacou a capacidade da IA em transformar processos em saúde.
Um caso prático apresentado foi o da plataforma Lunit Insight, que auxilia radiologistas na análise de radiografias de tórax com uma impressionante precisão de 94%. Este sistema oferece alertas imediatos em situações críticas, como pneumotórax, evitando que diagnósticos essenciais sejam negligenciados. “A tecnologia é uma aliada do sistema de saúde. Com essa ferramenta, conseguimos reduzir em até 50% o tempo necessário para chegar a um diagnóstico, acelerando assim o início do tratamento”, afirmou Fabrício.
A inovação na saúde não se limita a diagnósticos. Outro avanço significativo, abordado por Machado, é um copiloto inteligente para apoio à decisão médica, que identifica riscos de sepse até 12 horas antes do surgimento dos primeiros sinais clínicos. “Essa condição é particularmente difícil de detectar em pacientes idosos e crianças, podendo ter consequências fatais. A IA expande significativamente nossa janela de ação, reduzindo a mortalidade em até 20%”, explicou.
Machado também trouxeram à tona estudos internacionais, como o Apple Heart Study, realizado pela Universidade de Stanford em colaboração com a Apple. Essa pesquisa, que envolveu mais de 400 mil pessoas, demonstrou a eficiência do Apple Watch na detecção de arritmias cardíacas, especialmente a fibrilação atrial. “O valor preditivo positivo alcançou 84%, e entre aqueles alertados, 76% buscaram atendimento médico. Isso exemplifica como as tecnologias vestíveis capacitam os pacientes a tomarem decisões rápidas e informadas sobre sua saúde”, comentou.
No HIS 2025, a IA recebeu destaque também pela MV, que inaugurou o palco “Inteligência Artificial na Prática.” Paulo Magnus, CEO da MV, destacou a necessidade de uma discussão prática sobre a IA: “Acreditamos que a IA não tem volta e deve ser debatida com exemplos reais que impactem pacientes, gestores e instituições.” No painel “IA, Dados e Valor: o tripé da nova saúde”, especialistas enfatizaram que a qualidade dos dados é crucial para o sucesso de qualquer iniciativa em IA no setor de saúde. “Sem dados de qualidade, a IA se torna apenas um algoritmo”, advertiu um dos mediadores do painel.
Dênio Mariz, consultor de Tecnologia e Inovação da Unimed João Pessoa, chamou a atenção para os desafios culturais e tecnológicos. Para ele, o aprimoramento e qualificação dos dados são essenciais para que a IA entregue valor real. Ele alertou para a necessidade urgente de investimentos em segurança da informação, considerando que a infraestrutura de TI muitas vezes não acompanha a crescente sofisticação dos ataques cibernéticos.
“Quando falo sobre o COI (Custo da Inação), é preciso refletir: qual seria o impacto de não agir diante de riscos tão evidentes? O que aconteceria se todos os dados de uma instituição desaparecessem?”, questionou. Mariz também destacou as iniciativas da Unimed para aproveitar dados laboratoriais de pacientes que não eram retornados aos prontuários, possibilitando a criação de grupos de risco e tratamentos personalizados. “Estamos avançando para um futuro em que poderemos reduzir custos sem comprometer a qualidade do atendimento”, afirmou.
Shenandoan Daur, CIO do Real Hospital Português, compartilhou uma experiência de revitalização de um equipamento de ressonância magnética defasado, utilizando um algoritmo inspirado em tecnologias de videogames. “Conseguimos reconstruir imagens, reduzindo pela metade o tempo de exposição do paciente”, destacou. Além disso, o hospital está explorando o uso da IA para otimizar processos médicos, permitindo uma interação mais humana entre médicos e pacientes.
A telessaúde também se destacou como ferramenta essencial no HIS 2025, ampliando o acesso ao cuidado. Segundo Guilherme Rabello, head de Inovação do InCor, a chave para o sucesso está em soluções simples e acessíveis, que podem gerar um impacto significativo em desfechos clínicos. “Estamos falando de equipamentos portáteis para diagnósticos rápidos e telemonitoramento eficaz”, comentou.
No entanto, Rabello alertou que a implementação eficaz da telessaúde nos sistemas públicos de saúde enfrenta barreiras que vão além da tecnologia. “Não se trata apenas de um desafio técnico, mas também cultural e de gestão. Sem um fluxo claro e o engajamento dos profissionais, a inovação pode falhar”, enfatizou.
Em resumo, a telessaúde traz benefícios tangíveis, como diagnósticos mais ágeis e uma diminuição nas filas de espera. Para os pacientes, resulta em uma melhoria significativa na experiência de cuidado; para os sistemas de saúde, propicia uma economia, visto que há uma ênfase em tratamento e prevenção em vez de complicações.
O próximo Healthcare Innovation Show está agendado para os dias 16 e 17 de setembro de 2026, no São Paulo Expo. A expectativa é que novos avanços sejam compartilhados, ampliando ainda mais as possibilidades da IA na saúde.
Imagem Redação
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