Ministério da Justiça Implementa Ações Emergenciais Contra Intoxicações por Metanol
BRASÍLIA – O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) anunciou, nesta sexta-feira (3/10), uma série de ações emergenciais voltadas ao apoio a estados e ao Distrito Federal. Essa iniciativa surge em resposta ao alarmante aumento de casos suspeitos de intoxicação por metanol, resultantes do consumo de bebidas alcoólicas. As medidas visam proteger a saúde pública e coibir práticas ilegais na comercialização de produtos adulterados.
Para combater essa grave situação, uma das principais ações do governo é a identificação da origem das bebidas alcoolizadas que foram apreendidas em operações policiais em todo o país. Essas operações têm causado a desarticulação de fábricas clandestinas e o fechamento de distribuidoras que atuam à margem da lei, revelando uma rede complexa de contrabando e adulteração.
Em apoio a essas investigações, a Polícia Federal (PF) disponibilizará tecnologia e especialistas do Instituto Nacional de Criminalística. Com isso, serão realizados “exames avançados de isótopos estáveis” que permitirão rastrear a origem do metanol presente nas amostras contaminadas. Essa abordagem científica é fundamental para identificar se a substância é de origem vegetal ou derivada de combustíveis fósseis.
O MJSP destacou, através de um comunicado, que por meio da identificação do chamado “DNA do metanol”, será possível determinar as condições de produção da substância. “Esse tipo de análise é crucial para detectar a real composição do material, diferenciando os produtos legítimos daqueles que foram adulterados”, informou o ministério.
Para enfrentar essa crise de saúde pública, o governo ainda fortalecerá a rede nacional de cooperação entre as polícias científicas em todo o Brasil. O foco será a produção e compartilhamento de dados de inteligência pericial, fundamentais para orientar ações integradas e assertivas no combate à adulteração de bebidas.
Adicionalmente, a PF atuará como um elo logístico essencial, facilitando o transporte de amostras suspeitas até laboratórios de referência. A presença de 49 unidades de criminalística será um ponto estratégico para coleta e análise de amostras, consolidando um sistema nacional de resposta pericial.
O MJSP também anunciou a disponibilização de suporte técnico aos estados para a realização de exames periciais, que incluem a detecção e quantificação do metanol. Além disso, serão distribuídos padrões analíticos às polícias científicas estaduais e capacitados peritos locais em análises químicas, essenciais para identificar metabólitos na identificação de intoxicações em amostras biológicas.
As orientações técnicas do ministério abrange ainda a verificação de embalagens, rótulos e lacres de produtos suspeitos, além da aplicação de técnicas de epidemiologia forense para o georreferenciamento e análise de óbitos relacionados à intoxicação por metanol.
De acordo com o MJSP, o objetivo é não só identificar padrões e estabelecer vínculos de causalidade, mas também aprimorar respostas investigativas em casos que colocam a saúde pública em risco. Até a manhã desta sexta-feira, o Brasil já registrou 59 notificações sobre intoxicação por metanol, sendo que 11 delas foram confirmadas laboratorialmente.
Anvisa Busca Antídoto Internacionalmente
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também está mobilizada para combater essa crise. A agência entrou em contato com fabricantes internacionais em busca do Fomepizol, um antídoto reconhecido para intoxicações por metanol, que não está disponível no Brasil. A importação emergencial desse medicamento está sendo viabilizada.
Em resposta ao aumento dos casos de bebidas adulteradas, a Anvisa também buscou colaboração de agências reguladoras internacionais, incluindo a FDA dos Estados Unidos e a EMA da União Europeia, além de autoridades regulatórias de países como Argentina, México, Canadá, Japão, Reino Unido, China, Suíça e Austrália. Uma ação adicional inclui a publicação de um edital de chamamento internacional para localizar laboratórios e distribuidores que possuam estoques disponíveis do antídoto.
O Perigo do Metanol
O metanol é um álcool industrial extremamente tóxico, cuja presença em bebidas destinadas ao consumo humano é inaceitável. Sua utilização em adulteração é atraente para criminosos devido ao seu custo mais baixo em comparação ao álcool comum, o que resulta em severos riscos à saúde dos consumidores. Quando o metanol é ingerido, ele se transforma em compostos altamente tóxicos, causando sintomas como náuseas, vômitos, dor abdominal e, em casos extremos, cegueira irreversível e até morte.
O Ministério da Saúde orienta que qualquer pessoa que apresente sinais de embriaguez prolongada, desconforto gástrico ou alterações na visão entre 12 e 24 horas após o consumo de álcool, deve procurar atendimento médico imediato. Medidas de prevenção e ação rápida são fundamentais para controlar essa crise sanitária e garantir a segurança da população.
Imagem Redação
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