Fim da rota noturna Berlim-Paris em dezembro: uma perda para os viajantes
A rota ferroviária noturna que proporcionava aos passageiros a oportunidade de adormecer em Berlim e despertar em Paris chega ao fim no dia 14 de dezembro. O serviço, que sob a marca Nightjet unia as duas emblemáticas capitais, foi uma proposta inovadora de viagem, mas agora se despede após apenas dois anos de operação. A decisão foi divulgada pela ÖBB, a empresa ferroviária austríaca, que operava a linha em parceria com a SNCF, a companhia nacional de trens da França.
Contrariando a expectativa de muitos, o fechamento da linha não é atribuído à baixa demanda, uma vez que os vagões mantinham uma taxa de ocupação superior a 70%. O verdadeiro motivo por trás dessa medida são questões financeiras que tornaram a continuidade do serviço insustentável. O Ministério dos Transportes da França decidiu cortar o subsídio anual de 10 milhões de euros que era vital para a operação da rota, fazendo com que a continuidade se tornasse inviável.
Além do trem que ligava Berlim e Paris, a decisão impacta também a rota Paris-Viena, que funciona sob o mesmo modelo de cooperação internacional. Assim, mais uma alternativa de viagem pela Europa se encerra, intensificando a sensação de uma era perdida para os trens noturnos.
Inaugurada em dezembro de 2021, a rota Berlim-Paris rapidamente conquistou os viajantes que buscavam formas de transporte mais sustentáveis em comparação com os voos e mais confortáveis do que os ônibus noturnos. A viagem, que tinha suas partidas às terças, quintas e sábados, durava em média 14 horas. Os passageiros desfrutavam de uma experiência que incluía diversos tipos de acomodação, desde assentos convencionais até vagões couchette com camas, e até mesmo vagões-leito, equipados com chuveiro e serviço de café da manhã.
Com o encerramento do serviço noturno, os viajantes que desejarem realizar o percurso entre Berlim e Paris deverão se contentar com o serviço diurno de alta velocidade operado pela Deutsche Bahn. Embora essa opção seja mais rápida, levando cerca de oito horas, a experiência do estilo vintage das viagens noturnas, onde é possível dormir em um local e acordar em outro, será irremediavelmente perdida.
Este fechamento marca um golpe significativo em um cenário europeu que passou a celebrar o retorno dos trens noturnos nos últimos anos, após um período em que essas rotas praticamente desapareceram devido ao crescimento de companhias aéreas de baixo custo. Desde 2020, com o apoio da União Europeia, os trens noturnos têm voltado a ganhar destaque como uma alternativa ambientalmente mais viável. O governo francês, por sua vez, havia prometido a restauração de dez rotas noturnas até 2030, enquanto atualmente mantém oito linhas domésticas ligando Paris a destinos populares, como Nice e Toulouse. No entanto, essa operação também depende fortemente de subsídios estatais.
Embora a decisão de interromper a rota Berlim-Paris traga tristeza e frustração para muitos, ela também força uma reflexão sobre o futuro das viagens de trem na Europa. Existe uma urgência latente em encontrar soluções que equilibrem a viabilidade financeira dos serviços com o desejo crescente dos passageiros por alternativas de transporte que minimizem danos ao meio ambiente. Enquanto isso, os entusiastas do turismo ferroviário devem se preparar para uma nova realidade, onde as experiências de viagem estão se transformando rapidamente.
A despedida da rota noturna Berlim-Paris é um lembrete de que, embora as mudanças sejam inevitáveis, a importância de alternativas de viagem sustentáveis segue sendo um tema relevante e urgente. Os próximos meses serão cruciais para moldar o futuro das rotas noturnas na Europa, à medida que passageiros e autoridades repensam a mobilidade nas próximas décadas.
Imagem Redação
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