Início da Construção de Parque Quântico em Chicago Geram Expectativas e Polêmicas

Uma nova era para a tecnologia quântica pode estar se formando em Chicago. Na tarde de terça-feira, uma startup do Vale do Silício deu o primeiro passo para a construção da primeira instalação de computação quântica em larga escala do país, no site histórico da antiga Steelworks, no lado sudeste da cidade. A Psiquantum, escolhida como inquilino âncora do Parque Quântico e Microeletrônica de Illinois, promete impulsionar a pesquisa e inovação em um campo que pode revolucionar a forma como lidamos com problemas complexos.

O projeto, uma ambição conjunta de legisladores, universidades e do setor privado, visa transformar Chicago em um pólo de criatividade e avanços quânticos. O que antes foi um local inativo por três décadas, agora dá lugar à esperança de geração de empregos e progresso econômico. Durante a cerimônia de lançamento, o governador de Illinois, JB Pritzker, destacou o potencial transformador da computação quântica, enfatizando que isso poderá ajudar na resolução de problemas críticos em áreas que vão de segurança nacional até farmacêuticos.

Entretanto, nem todos compartilham do entusiasmo. Moradores do lado sudeste expressam suas preocupações sobre as consequências que a construção poderá trazer para a comunidade, incluindo o aumento da contaminação ambiental e o encarecimento do custo de vida. Críticos do projeto pedem mais transparência e garantias de que a instalação não resultará em deslocamento e degradação ainda maior do meio ambiente local. A cobrança por um contrato de benefícios comunitários se intensifica, com muitos exigindo um comprometimento legal que assegure a proteção dos interesses dos atuais residentes.

Radie Kilpatrick, uma das integrantes da coalizão de moradores, reafirmou a urgência desse contrato, lembrando que as preocupações vão além da construção. “Estamos todos preocupados com nossas concessionárias, impostos e aluguéis”, afirmou, destacando a necessidade de medidas que ajudem a comunidade a permanecer em suas casas.

Os desenvolvedores do Parque Quântico têm sido cobrados sobre o contrato de benefícios comunitários, mas até o momento não se pronunciaram de forma clara sobre essa demanda. De acordo com suas declarações anteriores, estão avaliando outros métodos para executar um engajamento comunitário efetivo.

Protestos também marcaram a cerimônia, com membros do grupo Southside Unidos manifestando suas preocupações sobre a falta de recursos essenciais na região. “O desenvolvimento não é para nós. Não podemos nos dar ao luxo de ficar em silêncio”, denunciou Jerry Whirley, membro da comunidade.

O projeto, que visa revitalizar um espaço que foi utilizado para a indústria de aço por mais de um século, enfrenta uma longa trajetória marcada por tentativas frustradas de desenvolvimento. Prioridades como a remediação ambiental completa do local e a proteção contra deslocamento são bandeiras levantadas pela Coalizão para um Sul Works, que busca garantir que a instalação não apenas traga novos empregos, mas que esses sejam acessíveis e beneficiem os moradores locais, especialmente aqueles sem diploma universitário.

A saúde da comunidade é uma preocupação central, especialmente em um local marcado pela contaminação passada. Embora o desenvolvedor tenha anunciado intenções de seguir todas as normas de segurança ambiental, alguns moradores permanecem céticos. Estudos indicam que os contaminantes, como metais pesados encontrados no solo quando a antiga metalúrgica foi fechada, ainda podem estar presentes.

Os membros locais também trabalham em parceria com a Universidade de Indiana para realizar testes de solo, que estão revelando níveis preocupantes de contaminação. A comunidade espera que a construção do Parque Quântico não esqueça a oportunidade de uma limpeza definitiva do local, após um século de degradação causados por atividades industriais.

Ao lado de Psiquantum, gigantes como IBM e a Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa também farão parte desse complexo. Enquanto as autoridades locais esperam que o novo projeto traga uma onda de revitalização para a região, perguntas fundamentais sobre a real sustentabilidade e equidade do desenvolvimento permanecem sem resposta.

Priscilla Horton, diretora de uma escola local, destaca que o apoio recebido da Psiquantum para a educação científica é um sinal de esperança para o futuro da juventude. No entanto, a luta por um compromisso real, que favoreça os moradores, continua a ser uma prioridade.

À medida que comunidade, autoridades e desenvolvedores interagem, as expectativas estão elevadas, mas os medos e incertezas ainda pairam sobre o futuro. A situação é um lembrete de que o desenvolvimento tecnológico e econômico deve ser necessariamente balanceado com a justiça social e ambiental.

Imagem Redação